Quem tem bunda vai a Roma!

 

Lílian chega no café da Je acreditando que escolheu a carreira errada para sua vida. Em algum momento isso acontece para muitas pessoas... Ela viu uma reportagem sobre como a televisão brasileira é vista pelos estrangeiros e, apesar de todas as críticas, muito bem “colocadas”, by the way, o que a intrigou foi: “realmente, porque nunca pensei na minha bunda como um futuro business?”...

Então, começou a expor para seus amigos, sua angústia por ter se esquecido de uma parte do corpo tão importante para sua sobrevivência:

No Brasil uma bunda pode te levar há muitos lugares.

Pelo menos foi isso que eu pensei depois do concurso de Miss Bumbum.

Quando eu era pequena e já ouvia ao pé da porta, como dizem meus amigos portugueses, meus pais conversando sobre o meu futuro eu nunca pensei se havia possibilidade de eles investiriam dinheiro na minha bunda. Eles sempre investiram em escolas, cursos de línguas, esporte e um dinheiro extra para eu me socializar no fim de semana.

Também nunca ouvi das minhas amigas “Quando eu crescer quero ser Miss Bunda”. Fico pensando se isso era um tabu ou se realmente nunca passou isso pela cabeça de minhas amigas e amigos.

Alias, porque não há Miss “Bundo”? Só porque tem pelos as pessoas considerariam bunda de homem feia? Ou é porque os homens, em geral, não são vistos como frangos de mercado?

Bom, então estudei, fiz faculdade e hoje estou trabalhando. Mas eu suspeito que a Miss Bunda ganha muito mais do que eu... Então porque essa possibilidade não apareceu em minha vida? Se tivesse aparecido, será que eu conversaria disso com meus pais?

- Pai, quero dinheiro para investir em ações.

- Filha, você tem 15 anos, não é muito cedo para investir em ações? Que tipo de ações são essas? Da Petrobras?

- Não, ações acadêmicas...

- As Universidades têm ações agora?

- Não pai, na academia... Ações do tipo: elevação frontal, remada, bike, puxada na frente com polia alta.

- What the fuck???

E assim eu investiria meu dinheiro e do meu pai na minha bunda. E depois que eu ganhasse o concurso eu devolveria para o meu pai. E mostraria com todo orgulho, como mostrei minhas boas notas: Pai! Olha só que bunda linda eu tenho! Sem estrias, manchas e super empinada. E meu pai pegaria minha bunda e diria: Esse é o maior orgulho que um pai pode ter de seu filho! Bunda boa!

Com o tempo eu provavelmente teria que estudar medicina e investir em pesquisas do tipo: “Previsão de caída de bumbum após os cinquenta anos de idade”; “Características de bumbum macio em comparação com bumbum caloso”; “I Levantamento domiciliar sobre as práticas bundazais nas 107 maiores cidades brasileiras” e assim por diante...

Eu me pergunto por que minhas amigas alemãs não se interessam pela bunda delas. Alias, quando vou a piscina com elas, elas não se desculpam por ter estrias, celulite ou bunda caída... Elas mal imaginam o quanto estão perdendo de dinheiro...

E aí? O quão importante sua bunda é para você?

Lílian