É muito interessante ter amigos de outras nacionalidades...
Primeiro é um desafio, você precisa identificar quem é você quando está falando
uma língua que não é a sua e você também precisa fazer atividades diferentes
das que está acostumado. Outras vezes você tem que experimentar cecê de francês...
Com os franceses, pelos menos aqueles que eu conheço, não
preciso me comportar tão diferente de quando estou com brasileiros. De alguma
forma, no meu caso, me sinto muito confortável perto deles. Alguns diriam que
brasileiros se identificam mais com italianos. No meu caso são os franceses. Talvez
porque aqueles que conheço, não nasceram em Paris... Metidos... No máximo em
Versailhes, mas não deixaram se contagiar muito pelos parisienses.
- Não sou francês, sou parisiense |
Também há outro fator muito importante. Os franceses que
conheço falam alemão. Que??? Sim. Tem gente procurando um francês que fala
inglês, e esses aí falam alemão? Pois é. Alguns até falam alemão sem sotaque,
um exercício de alta complexidade para um francês.
Então um dos franceses te liga e convida para passar um fim
de semana em sua casa de inverno, ou seja lá como eles chamam uma casa que tem
em uma cidade que não a sua. Brasileiro chama de casa de praia. Na Europa tem
mais frio que calor então prefiro chamar de “casa de inverno” ou “casa de
chuva”, algo do gênero.
Então você chega lá e pensa: - Caraca! Onde esconderam o
Jean-Luc Godard? Sim. A casa foi tirada de um filme clássico francês. É a única
explicação. Todos os cômodos são literalmente pensados para você sentir o grau
máximo de conforto possível. Os alemães tem uma palavra perfeita para isso
“gemütlich”, que significa “conforto+agradável+calor+bonitinho+bem-estar” tudo junto.
Assim era a casa.
Uma
sala somente com sofás e poltronas voltadas para uma
janela enorme com vista para um lago. Uma sala de jantar ao lado, dando
para
uma varanda perfeita para... fumar. Na França é quase que uma convenção
social.
É raro encontrar um francês que não fuma. O francês que não fuma que
eles
conhecem, mora no Brasil. Depois da sala, abrindo algumas portas você
encontra, quartos, banheiros e finalmente a cozinha. Ah! A cozinha! Ela
não
precisa ser bonita, e sim, sagrada. Você precisa encontrar nela bons
vinhos,
muitas frutas e legumes da temporada, água fresca, queijos, carne de
vaca,
muitas e muitas baguettes,
tortas com frutas da estação, croissants, pains au chocolat e presuntos. Em cima
da casa, eram mais quartos e quartos e alguns banheiros. Um dos banheiros tinha uma privada e não
tinha pia. Novamente aparece aí o dilema do brasileiro “onde eles lavam as mãos?”
ou “será que eles lavam as mãos?”. Para não arriscar, melhor das tapinhas nas
costas.
Na casa de inverno de um francês tudo gira em volta da
comida e da sala de estar. Claro, o mais importante é comer e desfrutar de uma
boa conversa. No café da manhã precisa ter café, croissant, queijos, baguettes
e presunto. Na janta, alguma carne, salada, vinho, uma sobremesa com fruta e
baguette, o almoço, no meu caso, foi um mistério, porque a conversa do café da manhã durou até a noite quase, mas provavelmente a baguette estaria lá.
O francês tem calma. Entre cada garfada, há um comentário,
ou sobre a vida, ou sobre a comida, ou sobre a baguette, ou uma piada. Podemos
ficar horas durante a mesa. Há sempre alguma tranquilidade no ar. Se não estão
no modo tranquilo, estão no modo “contadores de piadas”. Um comentário sobre o
quanto a França é maravilhosa é sempre bem-vindo também.
A água também é muito importante. Não tem isso de misturar
coca cola com baguette. A água está em todas as refeições. No máximo, suco fresco
de laranja pela manhã. Mas para um francês definitivamente coca cola ou suco de
caixinha não combina com as refeições. Inclusive os adolescentes parecem
praticar esse ritual nas refeições.
Bem, eu nunca estive tão contente em beber somente água!! |
Eu indicaria fazer amizade com um francês. Você pode
aprender muito com ele sobre a vida! Como conhecer um francês no Brasil? Bem, para
quem conhece bem os alemães, é possível identificá-los pela batata da perna.
Sim, os alemães têm batatas grandes, torneadas, definidas e bonitas. Não sei se
isso é consenso, mas eu já vi uma batata de perna numa aula de dança no Brasil
e perguntei para a menina: “Sprechen Sie Deutsch?” (“você fala alemão”), ela
respondeu que sim! Também dá para identificá-los se você vê uma combinação de
meia e chinelo na rua. Os franceses dá para reconhecer ora pelo cabelo, ora
pelo sapato. Nem todo francês tem cabelo sedoso, brilhoso e esvoaçante, por
isso às vezes você tem que olhar para o sapato. Se o francês não estiver
jogando seu cabelo de lado como numa propaganda da L’oréal, então olhe para os
seus sapatos. Se eles parecerem um pouco pontudo e de cores esquisitas, como se
tirados dos anos do Rei Sol, provavelmente é um français ou uma française.
Uma dica de livro muito interessante sobre o que uma
americana aprendeu com os franceses é: Crianças francesas não fazem manha.
E os seus amigos? O que você aprendeu com eles?
Muito interessante e bom de ler o seu texto, Cíntia.Ele prende muito a atençâo e é cheio de novidades! Parabéns!
ResponderExcluirCíntia. A sua narração me lembra um bom documentário na mídia.
ResponderExcluirQue bom gente! Se vocês tiverem sugestões de temas só mandar! :)
ResponderExcluirAaaaah o pain au chocolat...
ResponderExcluirConcordo com os comentários, texto que prende a atenção e atiça a curiosidade! Não dá para parar de ler! Adorei!
Amiga... fiz uma viagem nesta super mega power casa! interessante essa coisa do banheiro hein! Qdo fui para Paris tive a impressão que eles não curtem mtos banheiros, aliás nas ruas eu encontrava poucos banheiros públicos e qdo precisa fingia ser uma cliente de algum restaurante... mas eles não gostavam mto! Casa de chuva é ótima... acho q se aplica a floripa amiga! O povo de lá reclama q só chove, depois dizem que London que é assim! Mais uma vez lembrei do filme... 2 dias em Paris!!! é mto bom! Parabéns pelo texto... dei mtas risadas e fiquei doida pra comer croissant... humm
ResponderExcluirbjooooooo
Obrigada amiga! Acho que também essas casas podem ser bem mais antigas, então encanação era tudo diferente. Tanto que antigamente chuveiro era no primeiro andar e até por vezes, fora de casa! hehehe
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