sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Crise dos 30




Beirando aos 30, ou já no poço, começam a aparecer regras silenciosas de sobrevivência... E o povo começa a se estremecer... Cada macaco se pendura num galho... Uns acabam quebrando o galho e se espatifando.

Tem o galho que é o considerado ideal, é mais alto, onde a sua mãe coloca aquela pombinha da paz, se é um galho de uma árvore de Natal:
    a) Pessoa casada (teve o casamento digno de revista Caras), com filhos ou treinamento para tê-los e o emprego dos sonhos (aquele que trabalha pouco, ganha muito e que te proporciona liberdade, criatividade, asas e borboletas)
    Tem o galho do meio: 
       b) Pessoa não muito bem sucedida, mas com namorado (a), noivo (a) ou marido (mulher), isso inclui os gays, ok? Sim, o governo pode achar que tem o poder de dominar o tesão dos outros, mas não tem. Esse macaco pode ou não já ter um filho. E daí é aquele momento-conflito das famílias católicas. Se você é casado, está livre do conflito, senão é do tipo “amo meu neto depois que nasceu, mas contou que ficou grávida antes de casar e recebeu desaprovação”. Depois do neto crescidinho, todo mundo acha fofinho e esquece do anel... 
    Tem o galho abaixo do galho do meio:
    c) Pessoa bem sucedida, trabalha com o macaco da pombinha, mas não é casado e muito menos tem filhos. Ainda acredita que filhos se fazem dentro de um casamento e por isso aguarda o treinamento. 
    Tem o galho abaixo do galho do galho do meio: 
    d) Pessoa não casada, não muito bem sucedida, mas com filho. O filho é tudo para a pessoa, há mil fotos dele no Face e as coisas não vão lá tão mal, porque se você começa a se deprimir vem lá a cara do seu filho para te animar...
    E por último o galho do macaco que vai se espatifar:
   c) Pessoa não bem sucedida, possivelmente desempregada, morando com os pais, não tem namorado (então o que diga, marido), e filho então, só se for com o golpe da barriga.

    E desses tem as variantes de galhos, e diferentes ordens dependendo das crenças, regras, sexo, cultura e religião. 

Aí começa a aparecer os comportamentos mais curiosos das pessoas. Pressão no namorado (a) para casar; início de namoros com camisinhas surpreendentemente com furos resultando em gravidezes; fotos de você bêbado e todo dia na balada, para não mostrar que não está “por baixo”; todo dia uma ideia nova de trabalho, para não mostrar que é desempregado, mas sim empreendedor frustrado; disparo de fotos do namoro nas redes sociais para não gerar concorrência e sentir que a missão foi cumprida; obrigação de mudar o status pelo menos para noivo, porque afinal, 6 meses de namoro e nada de noivado?; fotos “eu me amo” para chamar atenção de possíveis parceiros e parceiras ou somente para provocar inveja nos outros... 

Isso tudo porque dificilmente as pessoas veem várias possibilidades de se viver. Existem regras sociais ocultas de “como as pessoas devem ser comportar” e quanto mais religioso um país mais pressão causa nas pessoas para cumprir essas regras. Enquanto na França casamento está um pouco fora de moda (hoje tem o PACS), na Alemanha prefeitos, ministros ou candidatos a presidentes serem gays não é fofoca ou tema de “alarme social” (exemplos: Guido Westerwelle, Klaus Wowereit), e na Suíça (ou qualquer outro lugar não muito longe) quem não quer ter filhos, tem gatos, sem ninguém achar que eles são estranhos por isso, muitas vezes, nos países católicos o povo está correndo para cumprir as regras sociais e se livrarem das pressões que os estão sendo impostas. Sem as menos questionar essas regras. 

É algo tão cultural que não há tradução em alemão para “golpe do baú” ou “golpe da barriga”. E há muitos europeus que casam depois de anos de namoro e depois que já tem filhos. E muitos que não se casam, escolheram ser solteiros e ninguém está comentando o bafo... Mas claro, europeus também tem problemas nas relações, vamos falar aqui ainda deles. Agora, o fato de terem menos "regras sociais" a cumprir, facilita muito a vida... E relaxa! 

Um macaco divorciado cai do galho e diz “Pelo menos já fui casado”. E o medo de não ter subido nem um galhinho na vida...

E você? Sente alguma dessas pressões sociais? E está pensando “como me livro delas”? Falando sobre elas é um começo!



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