quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Os cabelos da mineira


Eu sei que ela é carioca...
Eu nunca pensei que um cabelo feminino mexeria tanto com meus sentidos... Eu via tantos cabelos no Brasil, das mais variadas cores e ondas, tamanhos e temperaturas... 

Ontem eu estava num ônibus, ou autocarro, como venho dizendo ultimamente e vi uma jovem aparentemente normal até ela começar a mexer com seus cabelos. Ela passava as mãos neles de uma forma que parecia que eles a protegiam do frio, dos outros e das inseguranças...

De repente, a jovem começou a ficar mais bonita ainda. Um sorriso escapou, o cabelo se tornou mais esvoaçante e ela parecia estar unicamente ali no ônibus para fazer as pessoas felizes.

O que me dei conta é que ela parecia me acalmar. Ela me lembrava do Brasil. A sua maneira de passar as mãos no cabelo, a delicadeza de seu sorriso, o charme de todo seu ser me era comum. Comecei a me perguntar se ela era brasileira. Não é tão difícil assim encontrar brasileiros pelo Grão-Ducado.

Uma sensação de alegria tomou conta de mim. Imaginei meus amigos e os charmes que eles têm. Eles falando em “brasileiro” com seus sotaques mais diferentes. O calor, a água de coco, as risadas e os bares cantando.

Alemão aproveitando a água de coco


O cabelo da menina era de um castanho bem claro, bem liso por fora e ondulado por dentro. Muito brilhoso, sedoso, bem cuidado e encantador. Talvez porque o cabelo era parte de um ser tranquilo, sorridente, charmoso.

Pensei: o que há no brasileiro (a)? Sou eu que os vejo assim tão interessantes, por ser brasileira e sentir algo de “casa” perto deles quando estou morando fora? Os portugueses, alemães, franceses sentem-se da mesma forma que eu quando veem um compatriota? Ou eles realmente têm algo de diferente?

Quando alguém me pergunta aqui em Luxemburgo:

- De onde você é?

Eu sempre digo com um tom de alegria e orgulho: “Do Brasil”.

Mas da onde vem isso? Quem criou esse orgulho? Será que é porque nasci na época da Ditadura e a creche e a escola fizeram um bom serviço ao Estado?

Inverno na Bahia!

Mas meu cunhado alemão nasceu no DDR (Deutsche Demokratische Republik – digamos assim, a ditadura comunista alemã) e nem por isso sente essa paixão pelo seu país.


O que é muito frequente aqui também é quando digo que sou brasileira, sai um sorriso daquele (a) que perguntou: “É mesmo? De que cidade? Adoro o Brasil” e assim por diante. Enquanto dos meus colegas “Sou da China”, e o povo “Ah, ok”.

Talvez o diferente é o fato do brasileiro ser uma mistura de nações, culturas e identidades e ter conseguido admirar isso. O que os torna fascinantes. Claro, alguns, nem todos. Quando lembro da bancada evangélica política radical brasileira querendo curar gays e dar Bolsa Estupro não sinto nada de fascinante nisso, e sim vergonha.

Só tem gatinhas no Pelourinho
Antes de sair do ônibus fui perto da moça e perguntei: - É brasileira?
Ela: - Sou sim. De Minas e você?
Eu: - Fui feita no nordeste, nasci no sul, morei em Minas e São Paulo.
Ela: - E eu sou de Minas, Rio e Bahia.

Até no nosso país somos imigrantes.

Você sente essa paixão por um compatriota quando está no estrangeiro?

Lílian

4 comentários:

  1. nao sei pq, mas esse post me deu vontade de chorar. 12 dias pra você chegar, brasileira!

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  2. Amiga, o mesmo aconteceu comigo :)
    Contando os dias!

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  3. Olá Cíntia, parabéns já li alguns dos teus textos e tenho gostado muito, não sei se você se lembra de mim nos vimos uma vez lá na casa da Amanda, beijos tudo de bom...

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  4. Sim! Claro que lembro Geissi! Que bom que você está gostando! Fico muito feliz em saber disso! :)

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