Eu sei que ela é carioca... |
Ontem eu estava num ônibus, ou autocarro, como venho dizendo
ultimamente e vi uma jovem aparentemente normal até ela começar a mexer com
seus cabelos. Ela passava as mãos neles de uma forma que parecia que eles a
protegiam do frio, dos outros e das inseguranças...
De repente, a jovem começou a ficar mais bonita ainda. Um
sorriso escapou, o cabelo se tornou mais esvoaçante e ela parecia estar
unicamente ali no ônibus para fazer as pessoas felizes.
O que me dei conta é que ela parecia me acalmar. Ela me lembrava
do Brasil. A sua maneira de passar as mãos no cabelo, a delicadeza de seu
sorriso, o charme de todo seu ser me era comum. Comecei a me perguntar se ela
era brasileira. Não é tão difícil assim encontrar brasileiros pelo Grão-Ducado.
Uma sensação de alegria tomou conta de mim. Imaginei meus
amigos e os charmes que eles têm. Eles falando em “brasileiro” com seus
sotaques mais diferentes. O calor, a água de coco, as risadas e os bares
cantando.
Alemão aproveitando a água de coco |
O cabelo da menina era de um castanho bem claro, bem liso
por fora e ondulado por dentro. Muito brilhoso, sedoso, bem cuidado e encantador.
Talvez porque o cabelo era parte de um ser tranquilo, sorridente, charmoso.
Pensei: o que há no brasileiro (a)? Sou eu que os vejo assim
tão interessantes, por ser brasileira e sentir algo de “casa” perto deles
quando estou morando fora? Os portugueses, alemães, franceses sentem-se da
mesma forma que eu quando veem um compatriota? Ou eles realmente têm algo de
diferente?
Quando alguém me pergunta aqui em Luxemburgo:
- De onde você é?
Eu sempre digo com um tom de alegria e orgulho: “Do Brasil”.
Mas da onde vem isso? Quem criou esse orgulho? Será que é
porque nasci na época da Ditadura e a creche e a escola fizeram um bom serviço ao
Estado?
Inverno na Bahia! |
Mas meu cunhado alemão nasceu no DDR (Deutsche
Demokratische Republik – digamos assim, a ditadura comunista alemã)
e nem por isso sente essa paixão pelo seu país.
O que é muito frequente aqui também é quando digo que sou brasileira,
sai um sorriso daquele (a) que perguntou: “É mesmo? De que cidade? Adoro o
Brasil” e assim por diante. Enquanto dos meus colegas “Sou da China”, e o povo “Ah,
ok”.
Talvez o diferente é o fato do brasileiro ser uma mistura de
nações, culturas e identidades e ter conseguido admirar isso. O que os torna
fascinantes. Claro, alguns, nem todos. Quando lembro da bancada evangélica
política radical brasileira querendo curar gays e dar Bolsa Estupro não sinto
nada de fascinante nisso, e sim vergonha.
Só tem gatinhas no Pelourinho |
Antes de sair do ônibus fui perto da moça e perguntei: - É
brasileira?
Ela: - Sou sim. De Minas e você?
Eu: - Fui feita no nordeste, nasci no sul, morei em Minas e
São Paulo.
Ela: - E eu sou de Minas, Rio e Bahia.
Até no nosso país somos imigrantes.
Você sente essa paixão por um compatriota quando está no
estrangeiro?
Lílian
nao sei pq, mas esse post me deu vontade de chorar. 12 dias pra você chegar, brasileira!
ResponderExcluirAmiga, o mesmo aconteceu comigo :)
ResponderExcluirContando os dias!
Olá Cíntia, parabéns já li alguns dos teus textos e tenho gostado muito, não sei se você se lembra de mim nos vimos uma vez lá na casa da Amanda, beijos tudo de bom...
ResponderExcluirSim! Claro que lembro Geissi! Que bom que você está gostando! Fico muito feliz em saber disso! :)
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