- Por quê???
- Deu saudades da época universitária. Bom, daí eu ouvi um
papo bem interessante, que me remeteu ao livro que terminei de ler essa semana.
O papo foi mais ou menos assim:
- Ai menina, você acha que existe algum homem fiel nesse
mundo? – uma moçoila possivelmente traída fala para a amiga.
- Guria, você acha que existe alguma mulher fiel? – responde
a amiga.
- Menina, você tem um bafão pra contar?
- Tenho!!!
- Aiiiii me conta!!!
Aparentemente
um problema que era para a menina – o de ser traída - não se caracteriza mais
como um problema se a sua colega o pratica.
Eu li
um livro muito divertido e informativo chamado “Crianças francesas não fazem
manha” (título original: Bringing up Bébé) e depois pesquisei na internet mais
sobre a autora, que se chama Pamela Druckerman. Ela era correspondente do Wall
Street Journal no Brasil e Argentina e teve a ideia de escrever o livro “Lust
in Translation” (título no Brasil: Na ponta da língua: as linguagens do adultério
do Japão aos EUA), seu primeiro livro, quando percebeu que o fato de ela ter
uma aliança no dedo não impedia os casados latinos em propor encontros sexuais
a ela. Observação: Porque os títulos brasileiros são tão longos e diferentes
dos originais?
O estilo descontraído de escrever de Pamela e o tema de seu primeiro livro instigaram minha curiosidade, e fui direto para o Amazon comprar Lust in Translation.
Pamela viajou para 24 cidades em 10 países e entrevistou dezenas de pessoas sobre a questão da traição. Não é de forma alguma um livro científico, é jornalístico e pode-se dizer também com respingos de humor. A autora mesmo explica que a quantidade de declarações nem mesmo constitui uma base estatística confiável.
Pamela viajou para 24 cidades em 10 países e entrevistou dezenas de pessoas sobre a questão da traição. Não é de forma alguma um livro científico, é jornalístico e pode-se dizer também com respingos de humor. A autora mesmo explica que a quantidade de declarações nem mesmo constitui uma base estatística confiável.
Bom,
mas o que é interessante nesse livro? O tabu em si. Daquilo que não se fala, e
se espera como regra geral que as pessoas sejam fiéis. E é isso mesmo que
acontece? Para Pamela, na maioria dos países em que ela fez entrevistas e
examinou as estatísticas, as pessoas são sim fiéis. Não somente por escolha
pessoal, mas estilo de vida. Depois de trabalhar 40 horas, ficar 2 horas no
trânsito, fazer atividades extra trabalho, as pessoas querem ir para casa ficar
com a família, amigos, namorada (o). Mas Pamela foi atrás daqueles que não são fiéis,
que no caso de alguns países não era uma quantidade tão desprezível!
Pamela
também afirmou que pode ser possível observar alguns comportamentos que são
mais propícios a serem de futuros “traidores” do que de pessoas fiéis. Outras
pesquisas brasileiras já publicaram também essas probabilidades como a do
Professor da USP Ailton Amélio (vulgo titio). Ver esse link (é o último artigo
da página - Como empurrar o seu parceiro
para a traição)
“Eu preciso ser feliz” – disse um francês que
ela entrevistou ao explicar porque trai. O que exatamente ser feliz significa
para as pessoas? Sentir um grau diário de tesão por alguém ou “alguéns” seria
uma das características da felicidade?
Ela se
pergunta então se adultério é um “invasor estrangeiro ou um fato da vida”? Para
a jornalista Pamela Druckerman até as pessoas felizes traem. Mas ela não dá
muitas respostas. Como eu não vou dar aqui...
Algumas
curiosidades culturais em relação à infidelidade que ela apresenta no livro:
- Flertar
não é um sinal de desrespeito para os franceses, nem entre amigos. E casamento
para alguns franceses está fora de moda desde que o PACS (pacte civil de
solidarité) foi criado, que oferece alguns benefícios legais e financeiros como
do casamento, mas não precisa pagar caro por advogados se o casal decide se
separar.
- A
revista russa Cosmopolitan já publicou um artigo incentivando as mulheres a
terem casos e dando dicas para as mulheres que já estão pulando a cerca, não
serem descobertas com seus casos. O artigo diz que ter um amante faz a mulher
ficar mais magra, feliz e confiante.
- Russos gostam de drama, de acordo com uma
americana que foi casada com um deles. Para ela parece que trair a mulher faz o
homem se sentir culpado e acaba por tratando-a melhor. Essa americana disse que não aguentou manter
o drama por muito tempo, já que seu marido parecia querer colocá-la na posição
de endireitá-lo.
- Para
os psicólogos na Rússia é quase impossível uma relação sem infidelidade.
- No
Japão a maioria das mulheres é que pedem o divórcio. O casal não conversa muito
um com o outro. Alguns homens que ela entrevistou disseram que as mulheres
deles pareciam nem gostar de conversar, de fazer gracinhas. Eles pagam então
meninas para conversar com eles “Elas são engraçadas, fazem piadas” conta um deles.
Além disso, as “hostess bar”, essas meninas pagas para conversarem e que não
são definitivamente psicólogas, falam sobre sexo e alguns japoneses podem até
conseguir tocar os seios delas. Mas para elas, sexo “is bad for business”,
porque elas acreditam que eles não voltariam para conversar depois do sexo.
- Já
num sex club japonês você pode pagar por sexo, e os preços são diferenciados
dependendo do que você quer fazer, até mesmo para o tipo e a quantidade de
ejaculação.
-
Internacionalmente, é difícil encontrar qualquer correlação entre religiosidade e traição. Os franceses e os britânicos são muito menos religiosos do que os americanos,
mas todos os três têm níveis semelhantes
de infidelidade. Africanos
subsaarianos estão entre as pessoas mais religiosas do mundo, assim como
vários países da África, mais de 80% das pessoas dizem que a
religião é "muito
importante" para eles. E
ainda a África é provavelmente
o continente com o maior percentual de
homens infiéis. Os latino-americanos
também tendem a ser religiosos, e
eles traem bastante também, na opinião de Pamela (será que ela está vendo muita novela, o que definitivamente não é referência para a maioria da população brasileira).
- O Islamismo
e Judaísmo, cujas tradições legais fazem o código tributário americano parecer
simples, também tem a vantagem de que suas lacunas sagradas parecem justificar
o sexo extraconjugal. Na Indonésia, o simples fato de que a poligamia é
possível dá uma certa licença para homens manter concubinas. Ironicamente, ter
um monte de leis - em vez de apenas um código moral amplo - pode tornar mais
fácil de cometer adultério e ainda assim dar um sentimento para a pessoa de que
ela não está pecando.
- Os países que você imagina
serem focos de infidelidade (França,
Itália e os EUA), na verdade, estão
entre os mais baixos índices para
o adultério. De fato, entre casados
americanos de 18 anos ou mais, menos de 6% tiveram mais
de um parceiro sexual no último
ano. Outra curiosidade, é que os casamentos e relacionamentos franceses duram muito mais
tempo do que os americanos (é curioso esse fato, já que para muitos franceses o ato civil de casar não é tão importante como é para os americanos).
- No Japão, os homens não consideram
traição se pagam por sexo e
eufemismos como "fashion
health clubs” (clubes saúde da moda?) e “soap land clubs”
(clubes Terra do sabão) definem os tipos
de serviços oferecidos pelos clubes
de sexo japoneses. Na China,
uma economia em expansão, permitiu que
muitos empresários de Hong Kong mantivessem
uma amante em uma das "Aldeias Segunda Esposa"
na China continental.
Bom, tudo leva a crer que
infidelidade é um fato da vida e que as diferentes culturas lidam de diferentes
formas com esse tema cabeludo. Os americanos fazem muita terapia, ou vão para
encontros religiosos que ensinam a não trair (hein?), os franceses lidam de uma
forma menos dramática, os russos aproveitam para fazer teatro, as japonesas se
divorciam silenciosamente, as chinesas esperam o caso acabar. Claro, tudo isso são casos particulares e não dá generalizar.
Agora, é fato que infidelidade dói em qualquer lugar do mundo e é um dos segundos maiores motivos de separação. Ela vem junta de vários comportamentos provavelmente indesejados pelo parceiro traído, que pode muitas vezes tornar a vida das pessoas um inferno (se não é um namoro liberal). Então, vale a pena pensar até quanto você aguenta estar sempre intranquilo (a) na sua relação.
E bem,
essa é a opinião de uma americana. E para vocês? Esses dados parecem reais? A opinião
dela tem base? Ou parte é bullshit?
Link para entrevista com a autora (em português):
http://vidaeestilo.terra.com.br/homem/vida-a-dois/jornalista-americana-revela-como-a-infidelidade-conjugal-e-vista-em-oito-diferentes-paises,10088f96e4237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html
Link para entrevista com a autora (em português):
http://vidaeestilo.terra.com.br/homem/vida-a-dois/jornalista-americana-revela-como-a-infidelidade-conjugal-e-vista-em-oito-diferentes-paises,10088f96e4237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html
Link para os curiosos:
http://delas.ig.com.br/amoresexo/infidelidade-os-perfis-e-motivos-dos-traidores/n1597000021720.html
Lílian
O tema infidelidade sempre me traz muitas questões. Por que o tema infidelidade traz quase sempre o homem como protagonista? O homem só é infiel porque encontra uma mulher que também aceita ser infiel. Ou é muito simples pensar isto?
ResponderExcluirÉ verdade! No caso desse livro, a autora tinha mesmo os homens como protagonistas. Mas entrevistou algumas mulheres na Rússia, na Indonésia (sim!) e África do Sul que traem seus maridos ou namorados.
ResponderExcluirAcho que nem toda mulher que é amante, sabe de início que o homem é casado, principalmente se for um caso rápido. Mas claro, no caso das que sabem, elas aceitaram essa condição. Pq? Cada caso é um caso, eu acho. Acho que qualquer coisa sobre relações é complicado generalizar.