Há algo de indiano nas minhas veias. Não lembro a primeira
vez que notei isso, mas reconheço no meu corpo o êxtase relacionado a algumas experiências
indianas.
Uma vez que viajei para a Turquia, vi na parte histórica da
cidade de Antalya, o pessoal de Bollywood filmando. Eu abri a boca e paralisei
vendo aquela cena linda e absurdamente normal de um casal de indianos típicos
bollywoodianos se beijando a beira de ruínas antigas com uma música romântica ao fundo.
Foi o melhor que consegui, depois de enfrentar a segurança |
A cozinha indiana então...
Sempre me desafiou. Chicken curry não deveria ser chamado Chicken
Pimenta Power? Mesmo com a boca soltando fogo eu precisava continuar comendo
aquela delícia...
Sempre fiz amigos indianos. E perto deles arrisco um sotaque
amigo do tipo:
Aqui em Luxemburgo não foi diferente. Quem me deu a primeira
oportunidade de trabalho foram indianos. Eles logo ficaram contentes comigo
porque eu parecia very very very indiano. Eu os conquistei de cara quando falei
de Aamir Khan, meu ator preferido indiano, e dos filmes dele que vi (que posso
recomendar): 3 idiots, Como estrelas na Terra (se prepare para
se matar de chorar), Lagaan e Talaash. Além dos outros filmes, sem o
Aamir Khan: Meu nome é Khan (não esse
Khan), Samsara (maravilhoso filme
sobre as diferenças de responsabilidades que as mulheres e homens tem), Guzaarish (filme sobre o direito de decidir sobre sua vida, a eutanásia) e bem,
sou suspeita, adoro mesmo um filme brega indiano. Só de eles dançarem já me
animam. Mas esses que citei acima são realmente muito bons.
Bom, na hora os indianos sorriram muito e contaram das
brasileiras que fazem fama em Bollywood, na terra em que loiras e siliconadas não
tem vez.
Desde então trocamos informações culturais. Eles já me emprestaram
um livro de contos infantis e vamos dizer que fiquei um pouco chocado. Assim
como as canções de ninar brasileiras falam de assassinatos, sustos, medos, pancadaria,
mortes, os contos indianos também...
Logo, nos tornamos amigos.
No último fim de semana eles me convidaram para uma janta.
Convidaram meus amigos também, e foi uma noite muito interessante. Primeiro
porque você se sente tão relax como
na casa de um brasileiro (os legais né), então se espatifa no sofá, abre a
geladeira, pega comida antes que o povo avisa se pode pegar, fala em
inglês-hindi com o filhinho deles, etc.
Os pratos foram deliciosos! Mas nem tudo eu entendi o que
era, porque tinham tantos nomes indianos sem tradução que eu simplesmente
abocanhei sem pensar muito. No início tinha uns bolinhos salgados tipo falafel
que eu comi como se fossem o prato principal de tão gostosos. Torci para que
tivesse ainda espaço no meu estômago. Daí depois chegou o prato principal –
arroz (claro), naan (pão indiano), chicken curry (óbvio), lentilhas (feitas
como nós fazemos, mas com muitos temperos e coisas boiando na panela), batata
com ervas, berinjela com óleos exóticos (qualquer um que não seja de girassol
ou olivas). De sobremesa teve chá de gengibre e tabule de manga. Ao fim da
noite eu parecia o primeiro homem grávido da história do Grão-Ducado.
Durante a janta os indianos (tinha uma boa representação lá)
lembraram-se de como é bom comer com a mão. Que o gosto da comida é outro. Então
alguns começaram a comer com as mãos e o alemão que foi comigo ficou
intrigado... Logo logo, os indianos exigiram que ele tentasse também e assim
ele o fez. É uma técnica que exige alguns minutos para aprender. Imediatamente
o francês que estava lá, esqueceu a sua educação nobre, largou o garfo e
utilizou suas mãos. Eu fiquei bem quietinho escondido atrás do chicken curry,
porque ainda não estou pronto para tal experiência.
Chicken Curry |
Está marcado. Eu tenho que um dia ir para a Índia. Mas não como
turista. Tenho que ter tempo para viver lá e talvez até tentar minha carreira
no cinema. Depois que eu aprender a dominar meu intestino.
Quem é fã da Índia também?
Renan
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirmas com relação as castas? eles nao tem preconceito com estrangeiros? ou eles todos sao amigaveis?
ResponderExcluirEssa é realmente uma amostra muito pequena de indianos para eu poder generalizar como eles são. Tem as castas, o status econômico da família, a região de onde eles vem, experiências internacionais, etc. Eu não tenho acesso a tudo isso, só a esse grupo de indianos que eu conheço, e gosto deles e me identifico com muitos de seus valores. Mas realmente não dá para generalizar.
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