terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Estado, o paizão dos europeus





Eu me encontrei com alguns amigos no sábado a noite. Uma bela noite de inverno, chovendo, 4 graus, escuro desde às 17h... 


E por essas características nada animadoras, eu estava descrevendo o quanto o clima no Brasil é bom (quando não tem enchente, apagão, desbarrancamento) e meus amigos começaram a ficar animados. Perguntaram como é viver no Brasil, condições de trabalho, qualidade de vida, etc. 





No Brasil, em todo ele, dificilmente dá para responder. Cada região é tão diferente da outra. Então respondi pensando na vida que eu levava em Florianópolis. Eles foram ficando mais animadinhos ainda...






Até o momento de horror em que falei:



- No Brasil o governo não dá nenhum benefício por ter filho (obs: beneficio é algo do tipo, metade de um salário mínimo para cima, 15 reais não é benefício). E também, em geral, a classe média paga escolas e plano de saúde.

Meus amigos:





- Nossa, se fosse aqui na Europa, ninguém mais teria filhos. - disseram eles.



Foi então que pensei: É verdade... Para muitos europeus, principalmente os países da União Europeia é difícil conceber a ideia de planejar uma vida familiar sem receber os benefícios do Estado. Aqui em Luxemburgo mesmo, você recebe dinheiro por filho que tem, por estar grávida e cumprir com todos os exames que devem ser feitos, escolas são públicas, saúde é pública, até alguns cursos profissionalizantes, de línguas o governo paga dependendo dos seus planos e condições. Bom, no Brasil escolas e saúde também são públicas. Mas em geral, a classe média não usa desses benefícios, por considerarem o setor privado de melhor qualidade e mais eficiente.



Como é que então um brasileiro sobrevive? Acredito que meus amigos pensaram isso... Como é que arcam com os custos de se ter um ou mais filhos?



Eu lembro uma vez que meu pai contou uma história relacionada a esse tema. Ele estava desbravando o Brasil, lá nos Lençóis e cobertores maranhenses e encontrou uma portuguesa e uma espanhola que decidiram fazer o mesmo que meus pais. Conversa vai e vem e meu pai decidir perguntar:



- E como é que está a crise?



As duas:






Não lembro mais tudo que elas contaram para meus pais, mas lembro basicamente que elas estavam muito revoltadas com a perda de certas regalias dadas pelo Estado. E meu pai, ficou assim e disse:





- Nossa, aqui ninguém ganha isso tudo não...


Elas deviam ter pensado que meu pai era um homem muito corajoso por viver no Brasil.



Mas é assim que estamos acostumados. Não esperamos nada do governo. Rezamos para receber nossas aposentadorias e não pegar muita fila e um atendente menos grosso possível no INSS, pegar um dia de pouco trânsito e caminhar nos bairros seguros sem precisar segurar as bolsas como leões ou tirar o relógio preferido para evitar olhares.



Isso sem contar aqueles que ainda acreditam que o governo deve ser nosso grande pai e protestam para tentar receber benefícios. Ou, pelo menos protestam contra corrupção.



Mas a classe média, por mais que Chauí não vá com nossa cara, dá conta de criar seus filhos e ter uma boa qualidade de vida. Pagando por tudo, sem ganhar nada do Estado e ainda pagando 5 meses de impostos para ele, o pai falido.



Então me perguntei, quando diabos foi que os europeus (alguns) se tornaram tão dependentes do Estado? E se isso funciona mesmo, ou no mínimo, até quando funciona?



Para uma palestrante de uma conferência sobre Economia de Luxemburgo que assisti, isso dura até 2060. Pelo menos em Luxemburgo.  Ela ainda disse que a situação de Luxemburgo não é a pior dentre os países europeus. Para ela, Christel Chatelain, Luxemburgo vai ter que rever o quanto gasta com saúde, pensão e funcionários públicos de seu país.



Talvez 2060 está mais perto do que se imagina. Janeiro já começou com noticias no jornal indicando que o novo primeiro Ministro, Xavier Bettel, já está de olho em cortar os gastos. Principalmente do “salário” dado aos pais para cada filho que tem. Antes, quanto mais filhos você tinha, mais dinheiro do governo você ganhava.  Agora, de acordo com as novas leis, parece que só vai valer a pena (para aqueles de olho no dinheiro do governo) ter um ou dois filhos.



- Bom, temos que pensar bem antes de ir para o Brasil então. – disseram os amigos.

- Temos que pensar bem antes de ficar por aqui também. – disse eu.

- Vamos para um país mais livre economicamente do Estado, que tal? – disse o alemão anarquista.

- Emirados Árabes Unidos? – perguntou um amigo.

- Humm... Talvez começar por Singapura seja mais confortável para nós.



Enquanto isso, alguém chama porque o quibe ficou pronto.

Gabriel

ps: gifs tirados do site: http://comoeumesintoquando.tumblr.com/
e as imagens do google mesmo.

Um comentário:

  1. Interessante! Esse fds mesmo conversei com uma amiga sobre o "Smiles" para grávidas em Luxemburgo, hehe Curioso que nos dois países existe a dependência com o estado, mas parece que acontece de forma diferente, e tem resultados diferentes. Beijos!

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