quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Papo de patriotismo entre loucos



Eu sei que sou anárquico, mas se posso me beneficiar do estado, me beneficio. Afinal, pago tanto imposto e recebo tão pouco em troca. E quando recebo as pessoas querem me fazer pagar mais ainda “ah fez escola pública, agora salva a nação”. Pera aí, para que serve o Estado então, se o povo tem que ficar consertando suas caga.. PIIIIIIII? Pior ainda é quando eles acham que existe uma correlação entre minhas “corrupções” e as dos políticos, e quando eu parar de "corromper" (furar fila) o Estado também vai parar (de desviar 70 milhões de reais por "operação")... Claro, o Estado do mundo de Bobby.

E bem, para entender o Estado preciso conhecê-lo. Como estava visitando meus camaradas em Luxemburgo, aproveitei para fazer um curso sobre a História de Luxemburgo... O Estado de Luxemburgo dá essa opção para os imigrantes que querem conhecer melhor o lugar onde escolheram morar.

Imigração é um assunto muito interessante para alguém que é “patriota”... Um povo que imigra porque seu local não está satisfazendo suas necessidades, deveria permanecer só porque “nasceu” lá?

Bem, como minha língua materna é o português, eles me colocaram na sala com professora que fala português. Tinham aulas em inglês, francês e alemão também.

Bom, chegando lá, todo mundo se apresentou. A professora pediu só para dizer algumas características de si próprio e não o país em que nasceu. Então cada um fez assim...

Depois ela pediu para dizer três palavras que faz você lembrar de seu país, para então, os outros adivinharem. Claro que os sotaques já denunciavam, mas foi divertido fazer, até que...

- O meu país (e aí já se foram as três palavras...) é maravilhoso, lindo. O mais bonito! O povo é bondoso, divertido, bom, engraçado... (você está repetindo os adjetivos...). Ele é o país da diversão e da...

- Está bem... – diz a professora.

- BRASIL... – olha o resto do povo com cara de que também acham seu país o melhor do mundo, apesar de todos estarem morando em outro país.

- Sua vez! – falou a professora e olhou para mim.

- Novela, corrupção e alegria. – eu disse.

- Pera aí, todo país é corrupto. – disse minha amiga que mora no país mais bonito e bondoso.

- Eu sei disso. Todo país tem político, logo... – eu de novo.

- Então... Você tem que amar o seu país... – a boa.

- Eu tenho que amar as pessoas de meu país, não o governo dele. O governo é totalmente corrupto. Tá, numa escala de 174 países é o 69, mas isso não é sinônimo para elogio, muito menos “amor”, e os políticos brasileiros são um dos que mais ganham no mundo....


Aula continua e de repente estamos discutindo diferenças econômicas entre Brasil e Portugal. Tudo bem, é interessante, vamos lá. De repente, a bondosa entra no meio e diz:

- E tem palavras no Brasil que não tem em Portugal, como piriguete, por exemplo. Tudo bem, se a menina quer usar roupa curta e decote, não é toda brasileira que se veste assim. Daí eles dizem “a piriguete”, e quando ela está com essas roupas, às vezes aparece muito os seios... 

Para de falar, para de falar, para de falar...  pensava eu.

A professora diz “intervalo” e eu penso “ufa”. Quando vejo, os olhares da bondade estão me encarando...

- Ah, tem esse povo que julga o Brasil, que diz que lá é ruim eu não acho certo. – bondade.

- Eu não concordo. Não acho certo você esquecer os defeitos de nenhum país. Todo governo tem seus problemas (afinal, é um governo...) e suas qualidades. Assim como seu povo. Não é porque falo dos problemas do Brasil, que acho Luxemburgo lindo e o amo. Conheço muito bem os defeitos desse país (fica para outro post), assim como os defeitos e qualidades do Brasil. – eu.

- Mas você tem que amar seu país. – bondade.

- Mas amá-lo significa evitar falar de seus problemas? O Mensalão está nos jornais do mundo inteiro. Não tem como negá-lo. Marco Feliciano está aí e definitivamente ele não me representa... E comigo isso de patriotismo só pega em Copa do Mundo. Foi o único comportamento de patriotismo bem instalado em mim. Eu digo “sou brasileira” porque nasci lá. Mas sou humana, sou do mundo. Quem criou “nação” não fui eu. Quem disse que para viver em comunidade eu deveria pagar sempre impostos e eleger pessoas para me representar não fui eu. Nem o povo. Isso estava assim quando nascemos e pronto. Associar sentimento de amor pelo país foi muito bem usado na Ditadura... Olha no que deu...

- Mas e se te expulsarem daqui? Para onde você vai? – minha amiga.

- Não sei. Provavelmente para o Brasil, eu amo minha família, meus amigos, e não serei expulso de lá por criticar o governo (espero que isso não volte a acontecer). O fato de eu ter vivido 25 anos falando minha língua e aprendendo a se comportar com as pessoas que lá conheci, faz eu me sentir muito confortável lá, eu aprendi a ser “eu” no Brasil. Mas isso é um aprendizado. Só que é tão enraizado, porque o que aprendemos na infância e adolescência são primordiais para nossos sentimentos e comportamentos futuros. – euzinho.

Acaba intervalo e a professora pergunta sem querer como é ensinado nas escolas brasileiras o “descobrimento” do Brasil.

Sem os outros brasileiros terem chance, a nossa amiga diz:

- Nós amamos Pedro Álvares Cabral, não? Todo brasileiro sente isso e pensa nele sempre... 

Socorro, Socorro – penso eu...

E você? Se considera patriota? Por que, por quem, para que?

Gabriel

2 comentários:

  1. Caramba! E realmente existem muitas pessoas assim. Só não entendo muito bem por que elas saem do Brasil, nosso amado país, não é?
    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. É um tema a ser explorado quando alguém que vive no exterior considerar o Brasil o melhor país do mundo.

    ResponderExcluir