A Lí chega dando pulinhos de gazela para a turma no café da
Je sábado e diz:
- Gente!!! Preciso contar das aulas de salsa. Sinto-me tão
feliz! Não tem como ter crise dançando.
- É mesmo? Também quero...
– diz o Re meio deprê.
- Sim! Vamos comigo próxima vez (ela imagina como seria o Re
dançando salsa). Mas eu queria contar dos tipos que tem no grupo! Cada um! Aí
vai:
É no mínimo curioso fazer aula de salsa num país em que
43,2% da população é estrangeira e de 150 nacionalidades diferentes (fonte).
É fato que você vai observar como franceses, alemães,
portugueses, indianos, senegaleses, poloneses, chineses rebolam.
E dessa observação sai alguns resultados interessantes:
1 – Parece-me que quanto mais escura a pele, melhor é o
rebolado. Há algumas exceções, como minha amiga alemã loira que morou na Bolívia e
fala 5 línguas (6 daqui a pouco), ela tem algo de latino no sangue.
2 – Quanto mais alta a pessoa mais suas costas ficam
inclinadas e seu bumbum batendo nos vizinhos, porque em geral os parceiros com
que essas pessoas dançam são mais baixos. Há poucas alemãs e norueguesas na turma.
3 – Quanto mais branca, mais tímida a pessoa também é. Então
ela não realmente “te pega de jeito” para dançar. Ela encosta nas suas costas
como se tocasse pela primeira vez a kryptonita do Super Homem. E daí na hora
que você gira, você vai longe, já que o parceiro não realmente estava te
segurando.
Também há os tipos interessantes (ou não) de dançarinos
iniciantes de salsa. Bom eu só danço com homens, então só posso dizer deles.
1 – O que sua muito. Então você aproveita qualquer deixa
para largá-lo e limpar suas mãos na calça para ver se melhora o atrito entre as
duas mãos. Já que toda vez que você roda seu coração acelera pensando se você
vai ser jogada longe no deslizamento das mãos.
2 – O que tem bafo. A pessoa ficou o dia inteiro sem escovar
os dentes (ou os dente como eu digo.
E daí meu pai me pergunta: Qual dente?), come mais um hambúrguer a noite e vai
para a aula de salsa. Nesse ponto já está rolando o carnaval de bactérias na
boca do indivíduo. E você está lá na frente dele recebendo a música unicelular até
o professor pedir para trocar de parceiro. Ufa... Daí dá para voltar a
respirar. Chicletinho, por favor?
3 – O que fede. Sem comentários. Perfuminho antes da aula,
por favor?
5 – O que acha que está abafando e não está. Esse tipo acha
que está arrasando na dança. Ele não está e não há ninguém no mundo que o
convença o contrário. Ele rebola muito, dá umas mordidinhas no lábio do tipo
“sou sexy”, se olha bastante no espelho e dá uma jogadinha com a cabeça para
trás. Você observa com olhares antropológicos porque é o que é possível fazer
com um ser desses.
6 – O extremamente tímido. Você procura seu olhar, e nada.
Ele está olhando para o professor, para os próprios pés e mal te toca porque é desrespeitoso
fazê-lo. Dá um soninho...
7 – O que bate nos outros casais. Os movimentos da pessoa
são tão duros e largos que ele sai batendo em todo mundo (e você também,
afinal, ele está te conduzindo e você acaba apanhando junto). As pessoas olham
torto, mas ele está tão seguro que o braço deve se esticar até distender que
ele continua.
8 – O que dança jazz moderno achando que é salsa. Os pés não
realmente vão para trás e para frente, vão para o lado como a bunda. Você pisa
no pé dele para mostrar “olha como realmente se faz”, e ele continua sorrindo e
diz “é tão bom dançar, não?”. E você pensa “Get a disco”.
9 – Por último, os que dançam bem para iniciantes. Esses
daí, você olha para a roda e fica contando “ok, faltam dois bafos e um metido a
Brad Pitt para chegar nele”. Keep dancing.
10 – O profe. Claro, daí sou eu que me sinto a metida e mexo
os cabelos para lá e para cá (quando estão lavados, senão eles não saem do
lugar) e parece que eu aprendi a dançar salsa em Cuba. Afinal, se o homem sabe
dançar, a mulher no mínimo o acompanha. São danças machistas, onde é o homem
quem manda, fazer o que.
Turma de iniciantes!
- Hum... Eu sei que você só dança com os homens, mas essa
categoria deve servir para as mulheres também não? – diz Renan.
- Talvez, por quê? – Lílian fica curiosa.
- Nada... Alguém quer um chicletinho? – cheira Renan.
Lílian
Adorei! hahaha E lembrei muito das aulas de Pakua, dava pra classificar assim os indivíduos também, não acha?
ResponderExcluirTambém me diverti na parte do: Qual dente? hehe
Eu me acho pé de valsa quando danço com alguém que entende da coisa :)