segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Salsa entre 150 nacionalidades


A Lí chega dando pulinhos de gazela para a turma no café da Je sábado e diz:

- Gente!!! Preciso contar das aulas de salsa. Sinto-me tão feliz! Não tem como ter crise dançando.
- É mesmo? Também quero...  – diz o Re meio deprê.
- Sim! Vamos comigo próxima vez (ela imagina como seria o Re dançando salsa). Mas eu queria contar dos tipos que tem no grupo! Cada um! Aí vai:

É no mínimo curioso fazer aula de salsa num país em que 43,2% da população é estrangeira e de 150 nacionalidades diferentes (fonte). 

É fato que você vai observar como franceses, alemães, portugueses, indianos, senegaleses, poloneses, chineses rebolam.

E dessa observação sai alguns resultados interessantes:

1 – Parece-me que quanto mais escura a pele, melhor é o rebolado. Há algumas exceções, como minha amiga alemã loira que morou na Bolívia e fala 5 línguas (6 daqui a pouco), ela tem algo de latino no sangue.

2 – Quanto mais alta a pessoa mais suas costas ficam inclinadas e seu bumbum batendo nos vizinhos, porque em geral os parceiros com que essas pessoas dançam são mais baixos. Há poucas alemãs e norueguesas na turma.

3 – Quanto mais branca, mais tímida a pessoa também é. Então ela não realmente “te pega de jeito” para dançar. Ela encosta nas suas costas como se tocasse pela primeira vez a kryptonita do Super Homem. E daí na hora que você gira, você vai longe, já que o parceiro não realmente estava te segurando.

Também há os tipos interessantes (ou não) de dançarinos iniciantes de salsa. Bom eu só danço com homens, então só posso dizer deles.

1 – O que sua muito. Então você aproveita qualquer deixa para largá-lo e limpar suas mãos na calça para ver se melhora o atrito entre as duas mãos. Já que toda vez que você roda seu coração acelera pensando se você vai ser jogada longe no deslizamento das mãos.

2 – O que tem bafo. A pessoa ficou o dia inteiro sem escovar os dentes (ou os dente como eu digo. E daí meu pai me pergunta: Qual dente?), come mais um hambúrguer a noite e vai para a aula de salsa. Nesse ponto já está rolando o carnaval de bactérias na boca do indivíduo. E você está lá na frente dele recebendo a música unicelular até o professor pedir para trocar de parceiro. Ufa... Daí dá para voltar a respirar. Chicletinho, por favor?

3 – O que fede. Sem comentários. Perfuminho antes da aula, por favor?

5 – O que acha que está abafando e não está. Esse tipo acha que está arrasando na dança. Ele não está e não há ninguém no mundo que o convença o contrário. Ele rebola muito, dá umas mordidinhas no lábio do tipo “sou sexy”, se olha bastante no espelho e dá uma jogadinha com a cabeça para trás. Você observa com olhares antropológicos porque é o que é possível fazer com um ser desses.

6 – O extremamente tímido. Você procura seu olhar, e nada. Ele está olhando para o professor, para os próprios pés e mal te toca porque é desrespeitoso fazê-lo. Dá um soninho...

7 – O que bate nos outros casais. Os movimentos da pessoa são tão duros e largos que ele sai batendo em todo mundo (e você também, afinal, ele está te conduzindo e você acaba apanhando junto). As pessoas olham torto, mas ele está tão seguro que o braço deve se esticar até distender que ele continua.

8 – O que dança jazz moderno achando que é salsa. Os pés não realmente vão para trás e para frente, vão para o lado como a bunda. Você pisa no pé dele para mostrar “olha como realmente se faz”, e ele continua sorrindo e diz “é tão bom dançar, não?”. E você pensa “Get a disco”.

9 – Por último, os que dançam bem para iniciantes. Esses daí, você olha para a roda e fica contando “ok, faltam dois bafos e um metido a Brad Pitt para chegar nele”. Keep dancing.

10 – O profe. Claro, daí sou eu que me sinto a metida e mexo os cabelos para lá e para cá (quando estão lavados, senão eles não saem do lugar) e parece que eu aprendi a dançar salsa em Cuba. Afinal, se o homem sabe dançar, a mulher no mínimo o acompanha. São danças machistas, onde é o homem quem manda, fazer o que.

Turma de iniciantes!

- Hum... Eu sei que você só dança com os homens, mas essa categoria deve servir para as mulheres também não? – diz Renan.
- Talvez, por quê? – Lílian fica curiosa.
- Nada... Alguém quer um chicletinho? – cheira Renan.

Lílian

Um comentário:

  1. Adorei! hahaha E lembrei muito das aulas de Pakua, dava pra classificar assim os indivíduos também, não acha?
    Também me diverti na parte do: Qual dente? hehe
    Eu me acho pé de valsa quando danço com alguém que entende da coisa :)

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