domingo, 5 de abril de 2015

O que meu filho tem a ver com a ciência?





A curiosidade do seu filho pode ser o início de descobertas importantes para sua vida e até, seu futuro profissional. A maneira que os bebês e cientistas descobrem o mundo são muito parecidas! Basta saber ainda o que devemos fazer para manter essa vontade imensa de desvendar 
mistérios das crianças e jovens



Você gosta muito de sua profissão? Caso sim, lembra-se quando e como um interesse seu virou paixão, que virou carreira profissional? Acha importante saber disso para ajudar seu filho (a) a fazer aquilo que gosta e atuar com proficiência?

Uma das tarefas mais difíceis que provavelmente nós adultos temos que administrar é educar bem nossas crianças, isto é, torná-las autônomas, curiosas, interessadas e no futuro, independente de nós.

Mas como fazer isso? Como ter certeza que nós pais, professores, educadores e sociedade estamos fazendo um bom trabalho? As crianças sempre indicam em seus comportamentos se as coisas estão a correr bem. Uma criança que não está interessada em brincar e em descobrir o mundo pode ser um indicador de que nós falhamos.

Possivelmente, algo que faria uma criança nunca perder sua curiosidade inata é ensiná-la o método científico. O que??? Como assim? Isso não a mataria de tédio? Não! Muito pelo contrário... O que fazem as pessoas temerem a ciência, para não falar de política, é a falta de compreensão dela. 

 

O método científico é livre de crenças, diferente do senso comum. Esse, geralmente é um hábito da população que se torna tradição e passa de geração a geração. Algumas coisas são úteis, como fazer um bom prato de bacalhau em natas. Outras já não, como não deixar sua filha se casar com alguém de outra religião, somente porque foi assim feito durante séculos. O senso comum vê as coisas como magia – antigamente o El Niño provavelmente seria considerado uma punição de Deus, hoje se sabe que é um evento que pode ser explicado pela ciência.

Muitos anos atrás a ciência era um mistério. Se perguntassem para uma criança descrever um cientista, provavelmente ela descreveria alguém em um laboratório (com microscópios, afinal, um laboratório sem esse aparelho, mal poderia ser considerado um laboratório anos atrás), de cabelos arrepiados, com problemas psicológicos, surtos de grandeza, seja para salvar o mundo ou eliminá-lo.

Eu participei de um workshop essa semana, o Communicating with children and young people: from laboratory to learning centre (Comunicando-se com crianças e jovens: do laboratório ao centro de aprendizado), promovido pelo FNR (Fonds National de la Recherche – Fundo Nacional de Pesquisa) e essa foi a primeira pergunta que o simpático Michel Grevis, administrador do Centre de Jeunesse Hollenfels, fez:

Como vocês acham que um cientista é visto pelas crianças e jovens?

Antes era assim:




Hoje em dia, graças ao acesso a tecnologia, a internet, a informação, as pessoas tem uma ideia mais real de quem são os cientistas.



Mesmo que esses ainda são um pouco estereotipados



Eles são jovens ou velhos, homens e sim MUITAS MULHERES, nerds ou descolados... Há uma variação imensa.

E os jovens pelos cientistas? Como são vistos, continuou o senhor Grevis.



O adulto também mudou essa visão distorcida que tinha dos jovens. Os jovens são sim, pessoas atuantes em nossa sociedade, interessados, com muita vontade de aprender e se engajar em coisas relevantes...


Só que tudo depende de como as crianças e os jovens vão ser envolvidos na sociedade e de como vamos os passar ensinamentos importantes...

Aí então é que vem a adorável alemã Claudia von See e pergunta: mas afinal, o que faz uma pessoa partir de um interesse situacional para um interesse individual? Isto é, de algo que te pega (o catch), para algo que te segura (o hold)... Essa é uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas. Para eles, o ambiente é o fator decisivo - experiências vividas e o grau: de emoção delas; de impacto positivo; de aprovação por uma comunidade, de instrução escolar (da criança e dos pais) e de possibilidade de continuar indo atrás dessa busca.

Como essas associações vão se tornando fortes o suficiente para manter comportamentos de seguir curioso sobre algo é ainda difícil de entender.

Agora, é fato que para se aprender algo, além de ser um pouco autodidata, você precisa de bons mestres. Quais seriam algumas das características de bons mestres?
• Promover e desenvolver o pensamento crítico e autônomo dos participantes para formar cidadãos responsáveis
• Garantir a coerência entre os métodos utilizados e as mensagens transmitidas – não dá somente para “falar em aula” e acreditar que a “fala do professor” se transformará em atitude.
• Respeitar a complexidade dos temas abordados – não dar respostas do tipo sim ou não.
• Formar não somente aprendizes, mas sim, pessoas envolvidas (intervenants em francês)
• Estabelecer um processo de auto-avaliação de forma transparente, incluindo a várias partes interessadas.
Ensinar é muito mais complexo que ...


passar informações ---- CAIXA PRETA ----- absorção das informações

A probabilidade de aprender algo é muito maior se a criança e o jovem tem a possibilidade de se envolver com aquilo que é fruto de sua curiosidade... Quando eles são agentes do processo de aprender. O processo científico tem as condições de aumentar a veracidade de nossas descobertas e pode ser ensinado para as crianças de uma forma divertida, que não simplesmente as “pegam”, mas as “seguram” num caminho destinado a perspicácia e desenvolvimento intelectual.

As crianças são desde bebês, pequenos cientistas...




O nosso “hold”, dos adultos, poderia a partir de hoje ser: como fazer com que as crianças mantenham esses comportamentos científicos?

Caros pais, professores e educadores: está cheio de material para vocês lerem a respeito disso! Comecem com um processo científico básico – ler o que já foi pesquisado e descoberto sobre o tema.

Boa leitura!



Cintia




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