terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Cortar o cabelo ou não?



Nos tempos de guerra entre os que iam votar em Aécio e os que iam votar na Dilma, os bons e os maus (os maus e os bons, vai saber), os estúpidos e os inteligentes... Bem, pelo menos era isso que parecia nas redes sociais... Eu estava lutando contra o show de horror que era lavar o cabelo... Sim, algo irrelevante, comparado ao futuro do Brasil. Caía tanto, mais tanto cabelo que parecia que eu estava usando cabelo para lavar o corpo e não água. Parece exagero? Se eu saía do banho e mostrava a quantidade de cabelo para o Dani e o Ben eles ficavam assim:







E daí eu entendi porque muitas mães cortam o cabelo curto depois que nascem os filhos. Antes eu achava que era algo para demonstrar “uma nova etapa de vida” ou que “mãe combina mais com cabelo curto”, coisas tolas desse tipo.



Mas foi aí que a questão “cortar cabelo curto”, o que aparentemente é uma coisa simples de fazer e até fútil de se pensar, me encucou.



A dúvida de cortar o cabelo ou não, é uma dúvida que atinge a sensualidade da mulher. Claro, não todas. Conheço muitas mulheres bem resolvidas com sua sensualidade e aparência. Mas nem todas são, e por isso associam muitos “apetrechos” (como por exemplo, cabelos longos e lisos) a sua sensualidade, e ficar sem tais apetrechos pode causar dor de cabeça em muitas mulheres.



Então fiquei me perguntando quais “apetrechos” são importantes no Brasil que não são aqui na Europa? Como a Europa é muito grande, e Luxemburgo muito internacional, vou ficar com a velha Alemanha. Mais especificamente, as mulheres alemãs que eu conheço. Então de precisão científica, esse post tem muito pouco.



Primeiro pensei que a probabilidade aqui de alguém pegar no meu pé porque eu não faço as unhas ou não escondo minhas espinhas é principalmente latina. Conversas sobre produtos a se usar no cabelo, raramente tive em outra língua que não o português. E é por isso mesmo que quando vou ao cabeleireiro não sei as palavras corretas para hidratação, cauterização capilar etc. Não que isso seja irrelevante, meu cabelo pós-parto até precisa de algum tipo de ajuda.







Observando discretamente minhas amigas alemãs e latinas, vejo que existem diferenças entre o que é considerado bonito nas duas culturas. Não conheço uma alemã, por exemplo, que considere seios pequenos um problema. Depilação estilo bigodinho de Hitler? Mal imaginam elas que Hitler foi preferência nacional. Mas nem precisam, porque o estilo de depilação agora está mais ou menos assim:



Nunca botei essa questões de "preferências" numa roda de conversa entre alemães. Provavelmente eu só receberia isso como resposta:







Dentre as alemãs também há muito menos problemas com cabelos curtos. Muitas têm e não parece que foi um dilema cortar as madeixas.



Um fenômeno interessante é que muitas alemãs (de qualquer idade, inclusive acima de 70 anos) gostam de fazer madeixas em cores pink ou roxo. Gostaria de entender porque especificamente essas cores. Ninguém sabe me explicar. No Brasil, a preferência ainda é pelas “luzes”, o loiro.



Algo que eu achava que era fenômeno mundial  - não existem mulheres de cabelos brancos – não é. Na Alemanha é possível ver mulheres com cabelos brancos. No Brasil também, mas é mais raro. A mulher que assume seu cabelo branco pode ser muitas vezes considerada relaxada. Aliás, o envelhecimento da mulher é um fenômeno estranho em muitos países. Chegamos ao ponto de termos capas de revistas em que consta “Aos 37 anos, Liv Tyler, não é mais a mesma”. Sim, a biologia explica. O envelhecimento da mulher é um fato incomum, e totalmente fora de moda. 




A quantidade de cirurgiões plásticos é um dado interessante para se avaliar a importância da beleza e dos cuidados em que as mulheres tomam com seus corpos. De acordo com o ISAPS International Survey on Aesthetic/Cosmetic, os EUA e o Brasil são os países que mais tem cirurgiões plásticos (por habitantes) do mundo e mais realizam procedimentos cirúrgicos desse tipo. O Brasil ganha em lipoaspirações, e em segundo lugar colocação de silicones e nos EUA é o contrário. Os dados da pesquisa estão nesse link







Não sei dizer ao certo porque no Brasil é muito importante estar de acordo com os padrões de beleza estabelecidos pelas revistas, ainda mais pelas revistas americanas. Também não tenho nenhuma opinião formada sobre o assunto. Muito menos alguma certeza. Simplesmente as diferenças culturais em relação à beleza me deixam curiosa.



Como psicóloga, o que acho complicado é que algumas mulheres olham constantemente para seus defeitos físicos. Em terapia a questão “aparência física” como um problema é muito mais feminina, que masculina (claro, na minha experiência). Muitas mulheres estavam sempre atentas ao arrepiado de seu cabelo, a lasquinha de sua unha, a barriguinha saliente que aparece na blusa justa que colocou... Muitas delas acabavam perdendo tempo precioso para se preocupar com sua aparência física. 



É a mulher que se cobra muito? É uma disputa? É pressão social? De quem? Muitos europeus acham a beleza brasileira especial e única, justamente por causa da mistura de tantos povos. Por que algumas brasileiras não conseguem se ver dessa forma e acabam pagando caro, financeiramente e pessoalmente para correr atrás de um padrão americano de beleza?



Talvez uma abordagem saudável em relação a beleza não é nem fingir que é desnecessária ou sem importância, mas também, não tornar o centro da vida de alguém ou de uma família.  Sendo honestas sobre o assunto, podemos talvez ajudar umas as outras a tomar decisões mais informadas sobre o assunto ou aceitar algum ”desajeitamento”. 


Cíntia

Um comentário:

  1. Os cuidados com a saúde são substituídos por uma sensação de bem estar temporária de ter uma aparência descolada da idade cronológica e portanto desnecessária. Os riscos médicos dos efeitos adversos da beleza artificial são exibidos nos dramas que aparecem na mídia.

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