Nos
tempos de guerra entre os que iam votar em Aécio e os que iam votar na Dilma,
os bons e os maus (os maus e os bons, vai saber), os estúpidos e os inteligentes... Bem, pelo menos era isso que
parecia nas redes sociais... Eu estava lutando contra o show de horror que era lavar o cabelo... Sim,
algo irrelevante, comparado ao futuro do Brasil. Caía tanto, mais tanto cabelo
que parecia que eu estava usando cabelo para lavar o corpo e não água. Parece
exagero? Se eu saía do banho e mostrava a quantidade de cabelo para o Dani e o
Ben eles ficavam assim:
E daí eu
entendi porque muitas mães cortam o cabelo curto depois que nascem os filhos.
Antes eu achava que era algo para demonstrar “uma nova etapa de vida” ou que
“mãe combina mais com cabelo curto”, coisas tolas desse tipo.
Mas foi
aí que a questão “cortar cabelo curto”, o que aparentemente é uma coisa simples
de fazer e até fútil de se pensar, me encucou.
A dúvida
de cortar o cabelo ou não, é uma dúvida que atinge a sensualidade da mulher.
Claro, não todas. Conheço muitas mulheres bem resolvidas com sua sensualidade e
aparência. Mas nem todas são, e por isso associam muitos “apetrechos” (como por
exemplo, cabelos longos e lisos) a sua sensualidade, e ficar sem tais
apetrechos pode causar dor de cabeça em muitas mulheres.
Então
fiquei me perguntando quais “apetrechos” são importantes no Brasil que não são
aqui na Europa? Como a Europa é muito grande, e Luxemburgo muito internacional,
vou ficar com a velha Alemanha. Mais especificamente, as mulheres alemãs que eu
conheço. Então de precisão científica, esse post tem muito pouco.
Primeiro
pensei que a probabilidade aqui de alguém pegar no meu pé porque eu não faço as
unhas ou não escondo minhas espinhas é principalmente latina. Conversas sobre
produtos a se usar no cabelo, raramente tive em outra língua que não o
português. E é por isso mesmo que quando vou ao cabeleireiro não sei as
palavras corretas para hidratação, cauterização capilar etc. Não que isso seja irrelevante, meu cabelo pós-parto até precisa de algum tipo de ajuda.
Observando
discretamente minhas amigas alemãs e latinas, vejo que existem diferenças entre
o que é considerado bonito nas duas culturas. Não conheço uma alemã, por
exemplo, que considere seios pequenos um problema. Depilação estilo bigodinho de Hitler? Mal imaginam elas que Hitler foi preferência nacional. Mas nem precisam, porque o estilo de depilação agora está mais ou menos assim:
Nunca botei essa questões de "preferências" numa roda de conversa entre alemães. Provavelmente eu só receberia isso como resposta:
Nunca botei essa questões de "preferências" numa roda de conversa entre alemães. Provavelmente eu só receberia isso como resposta:
Dentre as
alemãs também há muito menos problemas com cabelos curtos. Muitas têm e não
parece que foi um dilema cortar as madeixas.
Um
fenômeno interessante é que muitas alemãs (de qualquer idade, inclusive acima
de 70 anos) gostam de fazer madeixas em cores pink ou roxo. Gostaria de
entender porque especificamente essas cores. Ninguém sabe me explicar. No
Brasil, a preferência ainda é pelas “luzes”, o loiro.
Algo que
eu achava que era fenômeno mundial - não
existem mulheres de cabelos brancos – não é. Na Alemanha é possível ver
mulheres com cabelos brancos. No Brasil também, mas é mais raro. A mulher que
assume seu cabelo branco pode ser muitas vezes considerada relaxada. Aliás, o
envelhecimento da mulher é um fenômeno estranho em muitos países. Chegamos ao
ponto de termos capas de revistas em que consta “Aos 37 anos, Liv Tyler, não é
mais a mesma”. Sim, a biologia explica. O envelhecimento da mulher é um fato incomum, e totalmente fora de moda.
A
quantidade de cirurgiões plásticos é um dado interessante para se avaliar a
importância da beleza e dos cuidados em que as mulheres tomam com seus corpos. De acordo
com o ISAPS International Survey on Aesthetic/Cosmetic, os EUA e o Brasil são
os países que mais tem cirurgiões plásticos (por habitantes) do mundo e mais realizam
procedimentos cirúrgicos desse tipo. O Brasil ganha em lipoaspirações, e em
segundo lugar colocação de silicones e nos EUA é o contrário. Os dados da
pesquisa estão nesse link:
Não sei
dizer ao certo porque no Brasil é muito importante estar de acordo com os
padrões de beleza estabelecidos pelas revistas, ainda mais pelas revistas
americanas. Também não tenho nenhuma opinião formada sobre o assunto. Muito
menos alguma certeza. Simplesmente as diferenças culturais em relação à beleza
me deixam curiosa.
Como
psicóloga, o que acho complicado é que algumas mulheres olham constantemente para
seus defeitos físicos. Em terapia a questão “aparência física” como um problema
é muito mais feminina, que masculina (claro, na minha experiência). Muitas
mulheres estavam sempre atentas ao arrepiado de seu cabelo, a lasquinha de sua
unha, a barriguinha saliente que aparece na blusa justa que colocou... Muitas
delas acabavam perdendo tempo precioso para se preocupar com sua aparência
física.
É a
mulher que se cobra muito? É uma disputa? É pressão social? De quem? Muitos europeus acham a beleza brasileira especial e única, justamente por causa da mistura de tantos povos. Por que algumas brasileiras não conseguem se ver dessa forma e acabam pagando caro, financeiramente e pessoalmente para correr atrás de um padrão americano de beleza?
Talvez uma abordagem saudável em relação a beleza
não é nem fingir que é desnecessária ou sem importância, mas também, não tornar o centro da
vida de alguém ou de uma família. Sendo
honestas sobre o assunto, podemos talvez ajudar umas as outras a tomar decisões
mais informadas sobre o assunto ou aceitar algum ”desajeitamento”.
Cíntia
Os cuidados com a saúde são substituídos por uma sensação de bem estar temporária de ter uma aparência descolada da idade cronológica e portanto desnecessária. Os riscos médicos dos efeitos adversos da beleza artificial são exibidos nos dramas que aparecem na mídia.
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