Jamin de mal com a vida |
Jamin chega no hospital |
As mães
ocidentais tem mania de sentir muita culpa. Foi o que a médica do hospital
infantil de Luxemburgo me disse ontem.
Depois de
um dia em que o Benjamin parecia ter passado pela pior das guerras, de tanto
sofrimento, choro e berreiro, nós resolvemos ir para o hospital para ver o que
estava acontecendo com nosso bebê que em geral (considerando suas 4 semanas) é
um ser muito bonzinho... E comilão!
Depois de
umas 7 horas de choro, foi entrar no carro que esse ser resolveu virar um anjo.
Olhava tudo em volta, chegamos no hospital e ele praticamente cumprimentou os
médicos. Eu e o Dani estávamos assim:
Já
esperava ouvir um sermão dos médicos “Temos um monte de crianças doentes aqui e
vocês trazem esse bebê que está quase dando uma palestra sobre como atingir o nirvana?”...
Mas não... Os médicos nos acolheram como se o Benjamin realmente tivesse sido
ferido em combate.
Uma
médica o examinou, fez alguns exames, disse que talvez pudesse ser gases. Gases...
É a palavra e o palpite que mais escuto por um mês. Gases é o “sistema” para os
bebês, tudo é culpa dos gases... Assim como quando ninguém sabe corrigir um
erro nos corredores burocráticos, o culpado é o sistema.
Como a médica
francesinha muito gentil, vale dizer, não tinha certeza, ela chamou uma médica
mais experiente.
A médica
chegou, conversou com o Benjamin, o Benjamin jogou seu charme e sorriso eu com
a cara assim:
Ela olha
para nós e fala: Seu bebê está perfeitamente saudável. Provavelmente está
passando por um growth spurt. Não sei exatamente a tradução para o português,
mas eu diria um estirão de crescimento. No link está a explicação (em inglês) do
que é isso. Resumindo, ela disse que ele deve estar aprendendo coisas novas,
fazendo novas conexões neuronais e isso gera um estresse muito grande ao bebê. A
forma que ele sabe lidar com isso? Peito e choro. E voilá. Meus peitos viraram
chupeta ontem.
Eu que
sempre estudei somente o “comportamento” fiquei checando o dia inteiro o que eu
poderia ter feito para ele estar daquela forma – fralda suja? Fome? Algum desconforto?
Medir febre? Frio? Calor? Quer colinho? Carinho?
O Dani examinando as mesmas “variáveis”...
E aí vem
a médica e diz: não é culpa de vocês... O Ben tem que lidar com seu
crescimento, com novas informações... Nós também não ficamos ansiosos e
nervosos diante de novos desafios? Mas nós temos outras maneiras de lidar com
isso...
Por tanto
tempo negligenciei variáveis que não estão ao meu alcance. Sim, aprendemos a
nos culpar por tudo facilmente. Principalmente mães. Que cultura é essa que
gera culpabilidade para assim educar nossas crianças? Não seria bom ter clareza
daquilo que realmente é nossa culpa e daquilo que não temos controle? Sim, nem
tudo temos controle. E saber disso, relaxa e traz mais paz para nossas
vidas. Apesar de parecer o contrário, é muito importante saber lidar com a “falta
de controle”.
Outra
coisa que a médica falou foi: “Não, seu leite não é fraco. É outra coisa só
vivida por mulheres ocidentais. Não existe leite fraco, seu leite é perfeito
para o bebê. Nós que nomeamos “o bebê pega o peito nervoso”. Ele não está
nervoso, ele está reagindo ao seu instinto”...
Instinto...
Essa mulher seria massacrada na academia... Ao mesmo tempo, foi uma das poucas
pessoas que acalmou esses dois pais de primeira viagem e trouxe relaxamento
para nossos corpos, para assim continuarmos nutrindo e dando muito aconchego ao
pequeno Jamin.
Achei tão
interessante os cuidados que eles tiveram com nós. Em nenhum momento eles nos
acusaram de estarmos exagerando. Eles examinaram o Jamin, com todo cuidado e
levaram muito a sério nossos sentimentos e medos em relação ao que poderia
estar acontecendo com o pequeno. Fiquei muito contente com o atendimento, o
tempo dedicado dos médicos e o remédio de tranquilidade (não é Rivotril, nem Dramin hein povo, chama-se conselho aqui hihihihi) que nos deram.
Voltamos
para casa felizes, o Jamin dormindo e comemos um kebab na volta... Sem eu ficar
matutando se aquilo causaria cólicas no pequeno ou não. A noite dei o peito e
disse “hoje você vai experimentar comida turca, vamos ver o que você vai
aprender com isso, espero que seja bom para você, como foi para mim”.
Dica de leitura para as mamães, recomendado pela psicóloga Celina Lazzari (obrigada Ce, adorei!):
Beijos
Cíntia
hehehehehe Adorei o final do Jamin conhecer comida turca! Comida enlatada ele não gostou muito né? :P
ResponderExcluirMamãe Cíntia. Simplesmente adorável, leveza. Li e saboreei este relato de uma mamãe carinhosa. As fotos do Benjamin são de uma beleza artística muito original.
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