Eu me encontrei com alguns amigos no sábado a noite. Uma bela noite de inverno, chovendo, 4 graus, escuro desde às 17h...
E por essas características nada animadoras, eu estava
descrevendo o quanto o clima no Brasil é bom (quando não tem enchente, apagão, desbarrancamento)
e meus amigos começaram a ficar animados. Perguntaram como é viver no Brasil, condições
de trabalho, qualidade de vida, etc.
No Brasil, em todo ele, dificilmente dá para responder. Cada região é tão diferente
da outra. Então respondi pensando na vida que eu levava em Florianópolis. Eles foram
ficando mais animadinhos ainda...
Até o momento de horror em que falei:
- No Brasil o governo não dá nenhum benefício por ter filho
(obs: beneficio é algo do tipo, metade de um salário mínimo para cima, 15 reais
não é benefício). E também, em geral, a classe média paga escolas e plano de
saúde.
Meus amigos:
- Nossa, se fosse aqui na Europa, ninguém mais teria filhos. - disseram eles.
Foi então que pensei: É verdade... Para muitos europeus,
principalmente os países da União Europeia é difícil conceber a ideia de
planejar uma vida familiar sem receber os benefícios do Estado. Aqui em
Luxemburgo mesmo, você recebe dinheiro por filho que tem, por estar grávida e cumprir com todos os exames que devem ser feitos, escolas são públicas, saúde é pública, até alguns cursos
profissionalizantes, de línguas o governo paga dependendo dos seus planos e condições. Bom, no Brasil escolas e saúde também são públicas. Mas em geral, a classe média não usa desses benefícios, por considerarem o setor privado de melhor qualidade e mais eficiente.
Como é que então um brasileiro sobrevive? Acredito que meus
amigos pensaram isso... Como é que arcam com os custos de se ter um ou mais filhos?
Eu lembro uma vez que meu pai contou uma história
relacionada a esse tema. Ele estava desbravando o Brasil, lá nos Lençóis e
cobertores maranhenses e encontrou uma portuguesa e uma espanhola que decidiram
fazer o mesmo que meus pais. Conversa vai e vem e meu pai decidir perguntar:
- E como é que está a crise?
As duas:
Não lembro mais tudo que elas contaram para meus pais, mas
lembro basicamente que elas estavam muito revoltadas com a perda de certas
regalias dadas pelo Estado. E meu pai, ficou assim e disse:
Elas deviam ter pensado que meu pai era um homem muito corajoso
por viver no Brasil.
Mas é assim que estamos acostumados. Não esperamos nada do
governo. Rezamos para receber nossas aposentadorias e não pegar muita fila e
um atendente menos grosso possível no INSS, pegar um dia de pouco
trânsito e caminhar nos bairros seguros sem precisar segurar as bolsas como leões
ou tirar o relógio preferido para evitar olhares.
Isso sem contar aqueles que ainda acreditam que o governo
deve ser nosso grande pai e protestam para tentar receber benefícios. Ou, pelo
menos protestam contra corrupção.
Mas a classe média, por mais que Chauí não vá com nossa cara,
dá conta de criar seus filhos e ter uma boa qualidade de vida. Pagando por
tudo, sem ganhar nada do Estado e ainda pagando 5 meses de impostos para ele, o
pai falido.
Então me perguntei, quando diabos foi que os europeus
(alguns) se tornaram tão dependentes do Estado? E se isso funciona mesmo, ou no
mínimo, até quando funciona?
Para uma palestrante de uma conferência sobre Economia de
Luxemburgo que assisti, isso dura até 2060. Pelo menos em Luxemburgo. Ela ainda disse que a situação de Luxemburgo não
é a pior dentre os países europeus. Para ela, Christel Chatelain, Luxemburgo
vai ter que rever o quanto gasta com saúde, pensão e funcionários públicos de
seu país.
Talvez 2060 está mais perto do que se imagina. Janeiro já começou
com noticias no jornal indicando que o novo primeiro Ministro, Xavier Bettel,
já está de olho em cortar os gastos. Principalmente do “salário” dado aos pais
para cada filho que tem. Antes, quanto mais filhos você tinha, mais dinheiro do
governo você ganhava. Agora, de acordo
com as novas leis, parece que só vai valer a pena (para aqueles de olho no
dinheiro do governo) ter um ou dois filhos.
- Bom, temos que pensar bem antes de ir para o Brasil então.
– disseram os amigos.
- Temos que pensar bem antes de ficar por aqui também. –
disse eu.
- Vamos para um país mais livre economicamente do Estado,
que tal? – disse o alemão anarquista.
- Emirados Árabes Unidos? – perguntou um amigo.
- Humm... Talvez começar por Singapura seja mais confortável para
nós.
Enquanto isso, alguém chama porque o quibe ficou pronto.
Gabriel
ps: gifs tirados do site: http://comoeumesintoquando.tumblr.com/
e as imagens do google mesmo.
Interessante! Esse fds mesmo conversei com uma amiga sobre o "Smiles" para grávidas em Luxemburgo, hehe Curioso que nos dois países existe a dependência com o estado, mas parece que acontece de forma diferente, e tem resultados diferentes. Beijos!
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