sábado, 22 de novembro de 2014

11 motivos para você visitar Luxemburgo



1 – Festinhas de vila

Todo fim de semana tem alguma vilazinha aqui que resolve fazer um evento! É festa da maçã, das nozes, do vinho, dos passarinhos, de páscoa, de Natal, de fim do inverno, Oktoberfest, festa medieval, festa anos 20, festa “Playcenter” (Schueberfouer, onde um grande “Playcenter” é montado no coração da cidade), festa de qualquer coisa! É realmente algo impressionante! No fim de semana, você pode acessar o jornal local pela internet e escolher o evento para participar. Nessas festas sempre tem coisas gostosas e gordas para comer, como salsichas, Apfelstrudel (um bolo de maçã alemão), Crepes e Waffles. Tem sempre algo para as crianças brincarem também.
Eu não entendo exatamente se é algo coletivo, os luxemburgueses gostam de fazer tais eventos, ou se é o governo que incentiva. Numa festa, a Intercultural de Dudelange (vilazinha), eu conversei com uma moça da tenda brasileira (alias, matei a saudade de feijoada e pudim) e ela disse que não custava nada montar a tenda nesse evento! Talvez o governo incentive mesmo, pois a população ocupada com comida, dança, festa e diversão, dizem as boas línguas que a afasta de drogas, criminalidade, etc.

Schueberfeuer 2014


Duck Race 2014



Festa de fim de inverno de Beggen 2014



Festa Medieval de Vianden 2013



Festa Medieval de Dudelange 2014



Festa da maçã 2014




2 – Possibilidade de falar inglês, francês, alemão, luxemburguês ou português.

Para os apreciadores de línguas, aqui é o país para praticar o que está aprendendo. Além das 3 línguas oficiais do governo – Francês, alemão e luxemburguês, é muito comum entre os estrangeiros falar inglês. O português é a língua mais falada aqui entre os estrangeiros, já que é o maior grupo de estrangeiros que migraram para Luxemburgo. Os portugueses estão em Luxemburgo há mais de 60 anos. Muitos deles falam todas as línguas do país, já que foram aqui alfabetizados. 

De acordo com o jornal Wort, cada habitante do país fala dentre 3,6 línguas! Fonte:


3– Se perder no centro da vila, em seus vários cafés e bares

Quando o evento do fim de semana, não te interessar, vá para o Centre Ville e se perca entre as ruazinhas, cafés e bares. Sempre está cheio! E lá você pode escutar as pessoas falando as mais variadas línguas, pode tomar dos mais variados cafés e comer docinhos de qualquer canto desse mundo. É possível também encontrar muitas pessoas tocando e cantando na rua.


Scott’s Pub


Centro de Luxemburgo



Place d'Armes, no centro de Luxemburgo

4 – Levar as crianças nos parques da cidade.

Luxemburgo é fã de crianças! Há muitos parques para elas brincarem, há inclusive sites dedicados a atividades para se fazer com crianças aqui, seja em dias de sol, de chuva ou neve. Mas nos parques, seja qual for a temperatura, sempre você vai encontrar crianças brincando! Porque eles são realmente um encanto!

Parque de Gasperich



Parque do Centro



Parque do Centro num final de tarde



Parque Pirata


5 – Apreciar as trilhas

O país é cheio de trilhas! Seja perto de casa, seja nas regiões com mais florestas. Há inclusive organizações que oferecem serviços de guia nas trilhas, e você pode participar todo fim de semana. Se você cumprir a trilha em um bom tempo, pode até ganhar um pão com café.





6 – Contraste entre Altstadt e Kirchberg

Luxemburgo é um país antigo, cheio de castelinhos para se visitar, mas também é um país moderno, cheio de organizações internacionais e bancos. Essa diferença é perceptível quando você vai do centro (Altstadt, Centre Ville, a cidade antiga) para o bairro Kirchberg, onde se encontra o Banco Europeu de Investimento, a Corte de Justiça da União Européia, Deusche Bank e por aí vai.

Kirchberg



Centre Ville visto das Casemates


7 – Fazer amizades

Para quem é carente de amigos, Luxemburgo é perfeita. É simplesmente muito fácil fazer amizades aqui. Alguns dos nossos amigos conhecemos em parquinho infantil, na sala de espera de médico, curso de línguas e no ônibus. Uma de nossas amigas aqui diz que Luxemburgo é Erasmus para adultos, porque além de você fazer amigos, você faz amigos das mais variadas culturas.

8 – Conhecer casais internacionais

É raro encontrar um casal aqui em que os dois tenham a mesma nacionalidade! As misturas são as mais variadas possíveis! Alemã com francês, martinicana com islandês, peruana com belga, ucraniana com romeno, brasileira com luxembuguês, indiana com alemão, finlandesa com holandês, a mistura não para. Estamos para encontrar ainda marciano com terráqueo!
E a conversa que mais rola entre os casais são sobre as diferenças culturais! Afinal, conviver com sogros franceses é muito diferente e alto de conviver com sogros alemães!

De quais nacionalidades são esses dois? :)


9 – Conversar com os queridos portugas!

Algo que faz um brasileiro se sentir muito em casa quando está de passagem pelo Grão-Ducado é a possibilidade de falar português! Não brasileiro, português. Para muitos dos meus amigos, o que eu falo é “brasileiro”. É difícil também conseguir escapar das piadas referentes ao jeito de nós brasucas falarmos. “Fecha o olho” – qual? Direito ou esquerdo? Você vai visitar sua tchia (tia)? Tchia, leitchi, chocolatchi! Vai emprestar seu lapi topi e comer no Burger Kingui?

10 – Salário mínimo de 1800 euros.

Para os que visitam Luxemburgo e escutam que aqui o salário mínimo é de 1800 euros a vontade que dá é de largar tudo e ficar por aqui! Mas espera para escutar o resto: aluguel mínimo de um apartamento de 2 quartos é entre 1000 e 1500 euros. Creche é entre 700 e 1200 euros, compras de mercado... Ninguém sabe quanto custa... porque todo mundo vai comprar na Alemanha! Sim, o país é rico, se ganha bem, mas se gasta bem também. Não dá para se iludir com o salário mínimo aqui. Você pode também ter escutado sobre a quantidade de benefícios sociais que se ganha – ajuda mensal para as mães que não trabalham, dinheiro mensal para as crianças até completarem 18 anos, bolsa para fazer universidade no exterior, ajuda para o inverno, salário desemprego de 3 anos, e por aí vai. Uma pesquisadora e economista do país de uma palestra que assisti na Câmara do Comércio disse que esse esbanjamento consegue talvez se manter por mais 40 anos e depois o governo vai falir, pois vão ter mais pessoas aposentadas e precisando de benefícios do que pessoas gerando trabalho produtivo para pagar as contas desses. Fontes:




11 – 30 minutos para cada país

Além de toda internacionalidade do país, se você quer passear e conhecer outro país europeu em menos de 20 ou 30 minutos você pode estar na Bélgica, Alemanha ou França! Os residentes aqui de Luxemburgo gostam bastante de passar um fim de semana numa vilinha desses outros países. Muitos ainda vão fazer compras nesses países ou se beneficiar em geral da praticidade de entrar em contato com outra cultura... Sim, viver em Luxemburgo é apreciar e mergulhar em outras culturas non-stop!


Cíntia

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O bebê está com fome, né?



Era uma dessas vezes desastrada, que eu estava no busão, indo encontrar minhas amigas mamães enquanto o Ben dormia e produzia seus sons de urso o povo olhava interessado:





O ônibus parou no meu ponto, e bem na hora que estou descendo o Ben acorda, a chuva fica mais forte, e eu não posso tirá-lo do carrinho, muito menos o plástico envolto para proteger da chuva e do frio.


 
Ben dando o primeiro aviso de que quer sair do carrinho

Paro em outro ponto, para pegar o próximo ônibus e procurar minha amiga que devia estar lá me esperando. 


Assim que eu consigo me proteger da chuva, começo a tirar a proteção do carrinho para ver o que estava acontecendo com o Senhor Benjamin. Nesse momento ele já tinha o sentimento de que estaria condenado a ficar no carrinho pela eternidade e mostrava seu descontentamento com muito furor. Duas mulheres me escutaram falando português e começam a falar... com o Benjamin:


- Ó querido, o que você tem? Está com fome, né?

- Não, ele comeu faz 20 minutos. – eu digo já meio com raivinha. Quer ver uma coisa que detesto? Receber palpites e tais tipos de comentários na rua.

- Então, está com soninho, né?

- Não, ele acabou de acordar. – raivinha vai ficando raivona.

- AH! Então mamãe não quer deixar você ver o mundo? Ela fica te deixando com esses panos na cara, né?

- Ah, não, vai começar... – digo para elas já com a indignação que anteriormente o Ben apresentava no carrinho.



Diz aí uma coisa mulherada mamãe! Quem é que gosta de receber dicas, conselhos, palpites e pior críticas de desconhecidas na rua??? Desconhecidas porque nunca um homem palpitou para mim. No máximo, quando o Ben estava chorando eles olharam com cara de pena (ou com cara de “por favor, faça esse bebê parar de chorar”).



É tão raro encontrar alguém que se dá conta de que está fazendo justamente aquilo que critica ou não gosta nos outros. Pior ainda, é raro encontrar alguém que duvida um pouco de si, as pessoas tem tanta certeza de que estão fazendo o certo (alguém pode me passar um pouco dessa certeza?), que são capazes de criticar alguém na rua sem saber nada da vida da pessoa. Olham para um comportamento que presenciam em um determinado momento sem saber o que estava acontecendo antes daquele comportamento ser apresentado e lascam suas opiniões nada bem vindas. 





Eu converso desse fenômeno com muitas amigas mães. Um belo dia, a minha amiga mãe Josi, me passou um artigo que caiu como uma luva na minha indignação!



O artigo é em alemão, infelizmente, e o título, que já diz muito é “Mães, relaxem!”. A autora, uma médica, Bernadette Grohmann-Németh, também anda indignada com a falta de empatia entre as mamães. Se alguém quiser ler em alemão, aqui vai o link, se não, vou fazer um resumo do artigo, que vai mais ou menos nessa direção:



Este fenômeno “receber palpites e críticas sem ter pedido por eles” muitas mães conhecem. Em lugares públicos, ou entre cochichos, as mães estão sempre sujeitas à crítica; e não importa o que elas façam, há sempre alguém para apontar o dedo ou mostrar que faria melhor. Com os pais as críticas são mais brandas; já que sem muito esforço, eles são vistos como heróis (pelo simples fato de serem pais).





É como se existisse uma divisão entre as “super mães” aquelas que entendem de tudo e tem filhos felizes sem problemas algum e as “mães mais ou menos” aquelas que você vê o filho chorando no mercado, no ônibus ou o filho com o nariz escorrendo.





Tudo começa na gravidez. As que querem um parto normal sem intervenção médica são as mães boas e essas estão dispostas a mostrar para as outras como elas são ruins. E daí nunca mais para! As mães que deixam os bebês chorarem para dormir são as mães más, as que dão chupetas são sem paciência, as que passam madrugadas sem dormir são as boas (claro, tudo depende de onde essa mãe mora, pode ser que aí na sua terra, seja o contrário do que foi descrito), e por aí vai.



Depois, as que colocam cedo em creches, estão sujeitas a olhares críticos, mais tarde tem que fazer a pesquisa intensa sobre as escolas, as que colocam em escolas alternativas e não em tradicionais, são as mães boas e ecológicas (vai saber o tipo de jargão que está se usando agora)... Qualquer escolha que se é tomada, não importa, tem alguém para dizer que não é boa.



Da mesma forma, ninguém discute que uma criança não é somente algo emocionante, há muito desgaste envolvido em criar e educar alguém. Mas isso dificilmente é discutido. São os temas tabus, por trás de mães que devem se apresentar poderosas. Nem a mídia mostra isso. As imagens de mães com seus bebês são sempre de ternura, e nunca assim:






A autora do artigo, também se pergunta da onde vem esse pensamento competitivo atrás de muitas mães.  Ela mesma não entende a incompreensão das mães umas com as outras. Algumas situações para ela parecem ridículas. Precisa mesmo uma mãe correr atrás de frutas e verduras orgânicas e frescas todos os dias, preparar durante a noite os 5 tipos de refeições diferentes que seu bebê deve ter, em vez de se jogar na frente da televisão. Ou precisa uma mãe por seu filho em sua cama porque está na moda agora (como é o nome mesmo, acho que attachment parenting), mesmo que ele durma bem em seu berço?



O tema amamentar então é quase como discutir política. Pode se perder uma amiga numa situação dessas. Muitas mães não conseguem nem ouvir uma mãe dizendo que escolheu não amamentar. Pera aí, isso é uma escolha? Para muitas mães não.





Até fralda pode dar briga. Será que meu filho vai ficar traumatizado se eu usar a fralda do Aldi (mercado ultra mega super barato alemão) em vez de Pampers?



Considerando que muitas crianças estão constantemente sendo negligenciadas ou o contrário, ditando as regras em casa, a autora gostaria de saber se a energia gasta nessas críticas e conselhos não seria melhor utilizada para reforçar as mães a cuidarem de suas saúdes, competências, de suas resiliências, em vez de constantemente produzir sentimentos de culpa desnecessária.



Uma mãe pode, por vezes, ter metas para si, diz a autora.



Talvez realizar seus sonhos pode ser um bom exemplo para seus filhos. Uma mãe feliz e descansada é provavelmente uma melhor companhia. Afinal, uma criança terá muitos mais problemas se é desrespeitada e ganha pouco amor e carinho. É mais fácil ela ser feliz se todos dormem bem e vão passear e brincar durante o dia, do que passar o dia procurando comida vegan de mau humor.



Por penúltimo, o conselho da autora (ela também não conseguiu escapar desse comportamento) é:  “queridas mães, você e suas colegas, amem seus filhos - e relaxem, por favor!




Por último, fico pensando porque as mães se sentem tão atingidas com tais críticas e comentários. Sentem-se elas inseguras? Será que é porque o sentimento maternal demora para "atingir" algumas mulheres? Mesmo sem entender o que acontece, como lidar com tais palpites? Provavelmente, quanto mais cedo você descobrir como aceitar conselhos indesejados graciosamente, mais fácil o seu ano vai ser. :)

Cíntia