Olá pessoal!
Desculpe... Não estou mais tendo tempo para escrever no blog e tenho recebido muito pedidos de ajuda por Facebook/Email/Blog/Email do trabalho, mas não estou dando conta de responder à todos... Se vocês quiserem saber mais sobre Luxemburgo, entrem no grupo Brasileiros em Luxemburgo que aumenta a chance de alguém tirar as dúvidas de vocês.
Agradeço imensamente pelos emails, pela vontade que outras pessoas tem de ler outros artigos, mas agora com 2 filhos e trabalho, outras prioridades surgiram :)
Um dia ainda volto! Quando eu souber melhor planejar meu tempo :)
Abraços!
Cíntia
Café com o Grão-duque
Histórias de uma brasileira no Grão-Ducado
quarta-feira, 29 de março de 2017
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Você moraria no sul de Luxemburgo?
Quando o
prédio da Universidade em que trabalho se mudou para o sul de Luxemburgo:
Abalou
Bangu entre os funcionários!
Não por
menos... Nós temos muita dificuldade de mudar nossas rotinas e não seria
qualquer mudança. Por exemplo, no meu caso, eu morava a 10 minutos de bicicleta
da Universidade, e quando a Universidade se mudou para Belval eu passei a
precisar de 1h20 de transporte público para chegar lá! Transporte público em
Luxemburgo daria um próprio post...
A mudança
em si foi complicada para muitos funcionários. Mas o que mais pegou para muitos
não foi somente a mudança, foi à ida para o “sul” de Luxemburgo, o tão temido
sul... Cheio de estrangeiros, cheio de portugueses! Inclusive portugueses me
falavam isso.
Sim, o
que eu mais ouvia, era “você vai para o sul? Ai sério? Por quê? Não faça isso.
Não vá para Esch-sur-Alzette!” Bem para onde fui.
Outro
problema de Esch era a “criminalidade”. “É no sul que acontecem a maior parte
dos crimes”.
Primeiro
vamos ser claro em um ponto... “Crime” em Luxemburgo é principalmente “roubo a
casas quando elas não estão ocupadas”. Ok, alguém entrar na minha casa e levar
meus móveis second-hand ou no máximo minha televisão e não me encher o saco, Não
apontar uma arma para minha cara? Ok, com esse risco posso viver.
Mas ainda
fiquei com a pulga atrás da orelha e pesquisei no site da polícia de Luxemburgo sobre
criminalidade em Esch-sur-Alzette. Resultado? O maior índice de crimes acontece
na capital, Luxemburgo: 23% de todos os crimes do país. Em Esch são 6% e no
resto do país 4%... Ok, eu consigo conviver com 2% a mais de criminalidade...
Se considerar que antes eu morava na capital, eu moro hoje numa cidade muito
mais segura.
De acordo
com o relatório da OSAC em Luxemburgo “Violent crimes (homicide, aggravated
assault, sexual assault) are uncommon” (Crimes violentos - homicídio, assalto, agressão sexual - são incomuns). As últimas estatísticas publicadas pela
polícia luxemburguesa contam com um assassinato em 2013, por exemplo.
Aí fui
mais longe... Pesquisei sobre criminalidade e regiões do país... Agora olhem
para esse mapa... Me parece que o sul é tão mais perigoso que o norte?
Como
vocês podem ver, a taxa de criminalidade no sul não é tão diferente da do
norte. Sendo a capital a cidade com a maior taxa, não estranhamente, já que
também tem a maior população do país. Mas Esch, a segunda maior cidade do país,
é tão “criminosa” como algumas vilazinhas do norte e do nordeste. Obviamente,
as cidades nas fronteiras tem maior índice de criminalidade. Nossos amigos
ladrões alemães, franceses e belgas se interessam pelos móveis e
eletrodomésticos luxemburgueses, apesar de que os “burgueses” os compram
exatamente nesses países.
Luxemburgo
é o vigésimo país do mundo com menor índice de homicídios de acordo com a United
Nations Office on Drugs and Crime (UNODC). O Brasil fica em 201 de 218 países.
Bom, mas
porque estou falando de tantas estatísticas? Principalmente porque elas dão um
pequeno alívio e “prova” do que realmente acontece em Esch-sur-Alzette: nada de
grave.
A questão
é, por que tantas pessoas vieram me alertar? Por que tantas pessoas tem
preconceito com o sul de Luxemburgo? Porque se eu fosse para Differdange, Dudelange,
Mondercange, etc, eu ouviria as mesmas coisas...
Provavelmente
é uma questão histórica. O sul de Luxemburgo era onde (e em partes ainda é) se encontravam as grandes indústrias de metal e de mineração. E quem trabalhava nelas? Os
estrangeiros, principalmente os portugueses. Muitos homens portugueses deixavam
suas famílias em Portugal e vinham trabalhar nas indústrias e morar em cima de
“Cafés”. Café é tipo um restaurante-bar que praticamente fica aberto o dia
inteiro. Dá para tomar lá um café da manhã, mas também uma cerveja depois do
trabalho.
Imagine
como uma situação dessas – ficar longe da família, viver só, num quarto,
trabalhando em indústria metalúrgica, com o clima e a cultura totalmente
diferente do seu país de origem... Não é claro que isso te desestabilizaria?
Mas logo veio a lei de “reagrupamento familiar” e os portugueses procuraram
pelo país de Luxemburgo locais mais baratos para construírem casas. Logo, os
portugueses se espalharam pelo país inteiro.
Então, lá
fomos nós para Esch. E o que encontramos lá?
Muitos
parques naturais e parquinhos lindos para o Ben brincar e fazermos trilhas:
Uma
churrascaria portuguesa deliciosa, mas para aqueles que não comem carne,
encontra-se também a melhor broa da redondeza. Olha aí o desespero para comer a
broa.
Um
restaurante delicioso, de um casal, italiano e brasileira, que viraram amigos.
Uma linda
feira de Natal e um calçadão gigantes para os fãs de compras:
Uma
padaria luxemburguesa tradicional que tem os melhores pães que já comi de Luxemburgo:
Uma piscina municipal:
Crianças jogando futebol na rua:
A Universidade de Luxemburgo, cheia de atrações para aqueles que ainda não a estão cursando.
Creches
com 3 educadoras para 11 crianças. Em Luxemburgo é 2 para 12.
Em
Luxemburgo, eu me tornei uma grande amiga da minha vizinha luxemburguesa. Nós
adorávamos deixar docinhos na porta uma da outra, para quando abríssemos a
porta, voilá, surpresinha. Quando o Ben nasceu, ela começou a deixar morangos.
Quando passamos a frequentar a casa uma da outra e termos conversas mais
íntimas, ela começou a falar da quantidade enorme de estrangeiros que tinha seu
país. Contava dos velhos tempos, em que quase não havia estrangeiros. Me levou
para um restaurante tradicional luxemburguês, porque aquele era bom, já que
quase não iam estrangeiros. Eu me perguntava se apesar da minha pele morena e
minha brasilidade, ela não me considerava uma estrangeira. Talvez o fato de
que conversávamos em alemão, a fazia esquecer disso.
Agora
penso que ela provavelmente reproduz um discurso que começou lá na infância, e
ela mal nota que na verdade, ela não tem preconceito com estrangeiros... Ela só
fala aquilo, porque provavelmente muitas pessoas de seu círculo social falam.
Se ela tivesse, ela não sairia com uma brasileira, 50 anos mais nova que
ela.... Ela ainda convidou minha família brasileira para frequentar a casa dela
e a nos levou num restaurante onde fizemos a maior folia... No fim ela me
disse, que foi uma noite linda.
Fico
pensando que muitas vezes nem estamos atento as crenças e discursos que
compramos.... Mas talvez o mais importante não é levar a sério tais palavras,
mas sim, as atitudes. A minha vizinha luxemburguesa é uma das pessoas mais
maravilhosas que conheci.
Espero
trazer uma pequena mudança nas atitudes das pessoas com essa pequena história
da minha relação com Esch... A melhor coisa a se fazer, para aqueles que não gostam de Esch, é vir para cá e ver se realmente esse discurso de que Esch não é um lugar
mágico para se viver é pisando nessa terra e frequentando os locais mais
queridos de Esch.
Alias, o
fato de ter tantos portugueses me deixa contente. Tem um pedacinho de Lisboa,
Porto, Aveiro, Algarve, Braga na minha alimentação, no meu cabelo, nas
conversas do parque, no meu sorriso.
Obrigada
a todos que me mostraram que Esch é um ótimo lugar para se viver!
Beijos e um Feliz Natal!
Cíntia
Beijos e um Feliz Natal!
Cíntia
Para
saber mais sobre a emigração portuguesa:
http://semanariocontacto.blogspot.lu/p/imigracao-lusofona-no-luxemburgo.html
http://semanariocontacto.blogspot.lu/p/imigracao-lusofona-no-luxemburgo.html
Links usados para o texto:
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Pare de falar para meninas que elas são lindas
- Que cor você
acha que pinto as unhas essa semana?
- De
transparente?
- Como assim? Não
conheço essa nova cor.
- É essa... – e a
menina mostra suas unhas sem esmalte.
Ontem vi na internet pessoas conversando sobre o corpo de uma menina de 12 anos que está participando num programa para mostrar suas habilidades culinárias e não sua aparência física... Mas logo, suas habilidades na cozinha se tornam irrelevantes e seu corpo, o palco para as pessoas a avaliarem... Peço desculpas para a Valentina e sua família... Não sei nem o que dizer sobre isso... Espero que meu filho nunca fale assim de uma menina...
Eu fiz esse texto antes de ver os comentários sobre a Valentina... Mas o texto tem muito a ver com as consequências para meninas e meninos de se preocuparem tanto com a beleza... Então vamos lá...
Ontem vi na internet pessoas conversando sobre o corpo de uma menina de 12 anos que está participando num programa para mostrar suas habilidades culinárias e não sua aparência física... Mas logo, suas habilidades na cozinha se tornam irrelevantes e seu corpo, o palco para as pessoas a avaliarem... Peço desculpas para a Valentina e sua família... Não sei nem o que dizer sobre isso... Espero que meu filho nunca fale assim de uma menina...
Eu fiz esse texto antes de ver os comentários sobre a Valentina... Mas o texto tem muito a ver com as consequências para meninas e meninos de se preocuparem tanto com a beleza... Então vamos lá...
Frequentemente o
assunto entre mulheres e meninas é “beleza” - e entre homens, a avaliação da beleza e corpo das mulheres - produtos para usar nos cabelos, cores de esmalte,
cremes anti-aging, calça jeans
que levanta a bunda, etc.
Uma (duas, três, quatro...) vez em
terapia, uma mãe me procurou porque sua filha adolescente ( ou ainda criança?) passava muito tempo
no celular e ela não sabia mais como lidar com isso. Sua principal atividade no
celular era fazer fotos sensuais e postar na internet. Ser premiada com vários
“likes”. A menina passava muito tempo fazendo várias fotos, várias poses eram
testadas até aquela em que os peitos pareciam maiores, a bunda mais arrebitada
e o biquinho mais sexy fosse postada... Aí era só esperar ansiosamente os 1000
likes... E o “procedimento” começava de novo no dia seguinte.
A mãe achava que a menina perdia um tempo precioso em que ela poderia estar aprendendo uma língua, fazendo um esporte (um de corpo e alma, não só de tornear o bumbum), lendo um bom livro, passando tempo com a família ou com amigos, que não os virtuais... A mãe estava até torcendo para a menina virar fã de videogame!
Ah os selfies... Seriam eles uma manifestação da obsessão da sociedade com aparência? Estariam os amigos dos adolescentes produtores de sexy-selfies interessados em ver seus amigos deitados na cama, na frente de vários espelhos, de variados banheiros? Estariam seus amigos interessados em saber quantas horas você passa na frente do espelho sacralizando sua aparência? Narcisismo excessivo, concluíram muitos estudos, pode ter efeitos adversos sobre o casamento e as relações, maternagem (e paternagem), e local de trabalho. Outros pesquisadores encontraram uma ligação entre o narcisismo excessivo e violência.
Vários outros estudos já mostraram que o aumento da frequência de compartilhamento de autoimagens está relacionada a uma diminuição da intimidade com os outros. Colocar tanta ênfase em seus próprios looks pode fazer os outros a sua volta se focarem em suas próprias aparências também e não se sentirem confortáveis com elas, fazendo com que não se sintam confortáveis com você... A pressão pela foto perfeita pode também criar competição entre os amigos.
O problema com os selfies-sexies dos adolescentes é que eles podem ser muito poderosos - mostrarem o quão gata você é, mas também podem contribuir para mostrar que para você o que mais importa é como você e seus amigos aparentam... E isso tem prazo limitado...
Desde pequena somos treinadas a observar nossa própria aparência de uma maneira meticulosa. E isso é muito distinto entre meninos e meninas. Meninos podem se sujar, usar roupas “de brincar”, são treinados a explorar o mundo... Mas mães de meninas, muitas vezes podem se deparar com perguntas do tipo “devo ou não colocar brincos nela?”, “devo usar vestido, saia, se sei que de calça vai ser mais fácil para brincar”, “que corte de cabelo para minha filha?” e assim vai... Se o cabelo do menino não cresce “ai que bom, não precisa pagar cabeleireiro”.... Se o da menina não cresce “tadinha, é menina e ainda sem cabelos”. Porque o cabelo é o poder da mulher... É isso? Por que não sua sabedoria?
Ah os selfies... Seriam eles uma manifestação da obsessão da sociedade com aparência? Estariam os amigos dos adolescentes produtores de sexy-selfies interessados em ver seus amigos deitados na cama, na frente de vários espelhos, de variados banheiros? Estariam seus amigos interessados em saber quantas horas você passa na frente do espelho sacralizando sua aparência? Narcisismo excessivo, concluíram muitos estudos, pode ter efeitos adversos sobre o casamento e as relações, maternagem (e paternagem), e local de trabalho. Outros pesquisadores encontraram uma ligação entre o narcisismo excessivo e violência.
"Cientistas anunciaram uma nova unidade para medir com precisão o narcisismo: o selfie por hora" |
Vários outros estudos já mostraram que o aumento da frequência de compartilhamento de autoimagens está relacionada a uma diminuição da intimidade com os outros. Colocar tanta ênfase em seus próprios looks pode fazer os outros a sua volta se focarem em suas próprias aparências também e não se sentirem confortáveis com elas, fazendo com que não se sintam confortáveis com você... A pressão pela foto perfeita pode também criar competição entre os amigos.
O problema com os selfies-sexies dos adolescentes é que eles podem ser muito poderosos - mostrarem o quão gata você é, mas também podem contribuir para mostrar que para você o que mais importa é como você e seus amigos aparentam... E isso tem prazo limitado...
Desde pequena somos treinadas a observar nossa própria aparência de uma maneira meticulosa. E isso é muito distinto entre meninos e meninas. Meninos podem se sujar, usar roupas “de brincar”, são treinados a explorar o mundo... Mas mães de meninas, muitas vezes podem se deparar com perguntas do tipo “devo ou não colocar brincos nela?”, “devo usar vestido, saia, se sei que de calça vai ser mais fácil para brincar”, “que corte de cabelo para minha filha?” e assim vai... Se o cabelo do menino não cresce “ai que bom, não precisa pagar cabeleireiro”.... Se o da menina não cresce “tadinha, é menina e ainda sem cabelos”. Porque o cabelo é o poder da mulher... É isso? Por que não sua sabedoria?
A família da
menina recebeu vários comentários ofensivos... Programas de show discutiram o
caso! Enquanto os meninos, estão aí, raspando seus cabelos todos os dias e
ninguém liga...
A obrigação de uma menina para se tornar bela está tão profundamente enraizada na
nossa cultura que não importa o quão pequeno ou temporário um gesto como dessa
menina é, que logo é considerado de importância internacional.
Tracey Spicer é uma jornalista na Austrália que está extremamente cansada dessa rotina das meninas e mulheres... Ela tem um vídeo no TED excelente em que diz que cansou da rotina de cremes, produtos de cabelo, maquiagem, esportes que não gosta mas faz, só para manter a barriga “negativa”, pintar as unhas... No vídeo, ela chega a tirar sua maquiagem, descer do salto, e usar uma roupa mais confortável.
Tracey Spicer é uma jornalista na Austrália que está extremamente cansada dessa rotina das meninas e mulheres... Ela tem um vídeo no TED excelente em que diz que cansou da rotina de cremes, produtos de cabelo, maquiagem, esportes que não gosta mas faz, só para manter a barriga “negativa”, pintar as unhas... No vídeo, ela chega a tirar sua maquiagem, descer do salto, e usar uma roupa mais confortável.
Tracey antes e depois :) - ver reportagem |
Mulheres que não
usam maquiagem, que tem cabelo grisalho e não os pintam, que não fazem as unhas,
podem muitas vezes serem consideradas relaxadas, sujas ou qualquer outro
xingamento do gênero.
Tracey mostrou que as mulheres chegam a gastar três vezes a mais de tempo com
qualquer coisa relacionada a aparência que os homens... Elas gastam 3276 horas
de suas vidas com os cuidados para se tornarem belas... Tempo de um mestrado,
um MBA, uma língua nova que elas podiam ter aprendido.
Gráfico do vídeo de Tracey |
A pesquisadora Renee Engeln nomeia
esse fenômeno de “beauty sickness” (doença da beleza). Polícia do diagnóstico!
Calma! Ela não quer incluir isso no DSM, é só uma maneira mais geral de falar
sobre um fenômeno...
Vou então aqui
registrar/ transcrever os aspectos mais importantes que ela menciona em seu vídeo para o TED...
Bom, o beauty
sickness afeta muito mais as mulheres. Elas estão muito mais suscetíveis a ter
anorexia, bulimia, receberem comentários sobre sua aparência física do que os homens. De 1.5 milhões de cirurgias plásticas feitas nos EUA ano passado, 1,3 milhões foram
feitas em mulheres.
Gráfico do vídeo de Engeln |
As mulheres
consumem tanto tempo e energia pensando sobre seus corpos e aparência que até
dicas de como se sair bem numa foto sem parecer gorda é assunto de rodinha...
Por que as
mulheres e meninas gastam tanto tempo pensando e fazendo isso? Não é uma questão de
serem superficiais ou terem “personalidade fraca” como ouvi muitas vezes em
terapia... As meninas estão inseridas numa cultura em que as bombardeiam dessas três informações constantemente:
1ª – Ser bonita é
a coisa mais importante e poderosa que uma garota pode ser.
E a 3ª – “Você
não é assim”
Muitas mulheres,
apresentadas com essa figura, muito rapidamente começam a se sentir deprimidas,
tem auto-estima reduzida, assim como a satisfação com o próprio corpo.
As meninas estão
expostas a tais imagens todos os dias! E esse tipo de corpo – de uma modelo – é
raro entre humanos. E muitas vezes irreal (photoshop)... Enquanto o mundo sofre
com um grande número de pessoas se tornando obesas, a imagem da beleza se torna
cada vez mais magra. Tantas imagens assim nos dá a impressão de que esse tipo
de corpo é o típico, quando na verdade é a exceção. Essas imagens nos fazem perder
a noção da realidade.
Estar “doente de
beleza” é quando as meninas/mulheres passam tempo precioso cuidando deu suas aparências em vez de estar cuidando de sua educação, relações familiares, amorosas, o estado da economia, do ambiente, do mundo! Porque elas estão muito
ocupadas com o torneado de seus bumbuns.
Como chegamos a
esse ponto?
Se desde pequena
é exigido de você olhar para seu próprio corpo, mesmo que indiretamente...
Quantas vezes não lemos notícias sobre mulheres que não atingiram o padrão de
beleza sendo ridicularizadas?
Em um certo
momento você vai "internalizar" esses comportamentos e parar de “olhar” para o
exterior, parar de se comportar com e para o mundo...
Brinquedos de construção como esse:
Brinquedos de construção como esse:
Em que
tipicamente ensina a construir coisas, foram feitos para meninos...
Para aprenderem a
se maquiarem...
Meu cabelo está
sem frizz? Minha sobrancelha está feita? Minha testa está oleosa? Essa blusa me
faz mais gorda? Tudo isso foi ensinado para as meninas refletirem sobre! Se as
mulheres a sua volta estão preocupadas com isso... Se todos estão julgando seus
corpos... É melhor você menina fazer o mesmo! A mensagem é essa, infelizmente.
Nós não conseguimos fazer várias tarefas ao mesmo tempo, apesar de parecer que sim
conseguimos, logo se uma menina está constantemente preocupada com sua aparência e se expondo para o mundo via fotos para confirmar se é bonita, gostosa ou não,
ela não vai conseguir se engajar com o mundo! Porque entre ela e o mundo existe
um espelho... E esse espelho a segue em todos seus ambientes.
Mas se as
mulheres conseguem tantas coisas com sua beleza... Como as modelos e atrizes
belas que ficam ricas, homens que pagam caríssimo por prostitutas de luxo, etc...
Isso não é poder? Não deveríamos então abraçar essa ideia?
Mas que tipo de
poder acaba quando você tem 35 anos? Ou menos?
Não há nada de
errado com a beleza. Nossos cérebros são muito sensíveis à beleza... Nós não conseguimos desligar completamente de nossos cérebros a vontade de sermos
bonitos e de desejar o que é belo.
Querer ser bonita não é um problema... O problema é quando as nossas meninas só querem ser
bonitas. Nada mais.
Como podemos
mudar isso então?
Primeiro,
investindo menos em beleza e mais em coisas que duram – pare de assistir
programas ou ler revistas que fazem você prestar mais atenção ainda na sua aparência e que te fazem sentir mal, como esses:
Pense no seu
corpo como uma ferramenta para explorar o mundo e não como um objeto a ser leiloado
por likes na internet...
Pare de pensar no
tamanho das suas coxas, mas na força delas...
Limite seu tempo
na frente do espelho...
Pare de falar
para meninas que elas são bonitas (por favor, não diga que elas são feias!).
Diga que elas são generosas, espertas, queridas, curiosas, corajosas... Assim você lentamente as para de ensinar que o melhor status social que elas vão ter
em suas vidas é a beleza.
Nós nunca vamos
viver num mundo em que beleza não importa. Mas podemos viver num mundo em que
beleza importa menos e essas características
Interessada Carinhosa Simpática Generosa Bondosa Sensível Trabalhadora Calma Inteligente Paciente Esperta Otimista Tolerante Alegre Informada Corajosa Educada Determinada Sociável Solidária Independente Confiável Organizada
Importam mais...
1. “Senta que nem mocinha”.
2. “Isso não é jeito de uma mocinha se comportar”.
3. “Mas seu irmão pode (jogar futebol/ brincar mais tempo na rua/ não ajudar nas tarefas domésticas) porque ele é homem!”
4. “Isso é brincadeira de menino”.
5. “Que linda, já pode casar”.
6. “Desse jeito vai ficar para titia, hein”.
7. “Com essas pernas cheias de roxos e ralados, parece um menino!”
8. “Menina não fala palavrão”.
9. “O que os outros vão pensar se virem você (descalça/ subindo em árvore/ brincando de carrinho/ usando boné)?”
10. “Azul não é cor de menina”.
Veja também: garota de 11 anos questiona sexy-selfies de amigas. O texto está em inglês, sorry.
ps: Obrigada Tracey Spice e Renee Engeln pelas reflexões...
Cíntia
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